Se achas importante o que fazemos, contribui aqui.
Toda a gente fala de como o reach dos posts diminuiu e de como o pessoal do Facebook está a ser ganancioso ao querer ganhar algum dinheiro com o seu negócio. As pessoas devem pensar que os trabalhadores do facebook são pagos em Likes e que pagam as suas contas também com Likes, mas não, não pagam… Têm de pagar com dinheiro, como toda a gente e, como tal, têm de receber o suficiente para se levantarem da cama e manter o Facebook a funcionar para nós e para os nossos projectos.
Portanto, as pessoas estão chateadas porque o Facebook reduziu a sua audiência gratuita… Como é que podem fazer isso? “Como te atreves Mark! Tentar ficar com uma parte do dinheiro que eu estou a fazer à borla na tua plataforma?!”
A verdade é que, no mundo real (não em La La Land) temos de ter em mente o seguinte: “se tu não estás a pagar não és o consumidor, és o produto a ser vendido”. Por favor, caiam na realidade, todos nós vivemos num submarino capitalista. Se o Mark e os seus empregados quisessem trabalhar ‘pro bono’ seriam roadies dos U2 em vez de criarem uma das maiores transformações culturais, no contexto de uma sociedade moderna.
O Facebook tem o plano de negócio perfeito. É tal e qual o de um dos negócios mais lucrativos do mundo: o tráfico de droga.
Primeiro tudo era gratuito. Estávamos a pagar com os nossos dados – lá está, nada é de graça – mas a opção era nossa, o problema é nosso. Lidemos com isso mais tarde e continuemos a curtir que ainda somos jovens. Assim, criaram uma audiência enorme que levou a que as marcas também caíssem no vício rapidamente. Afinal de contas, era à borla.
Depois de estarmos todos – as marcas incluídas – viciados no produto, começaram a pedir-nos dinheiro por ele. Daqui para a frente a opção seria vender esta audiência às marcas, ou cobrar a cada user um fee mensal pela utilização do serviço. Escolheram a primeira opção, numa lógica progressiva: quem tem maior audiência, e consequentemente pode tirar mais lucros, mais paga. No entanto, e para não perderem o seu viciado de vista, continuaram a dar uma pequena parte grátis.
O preço continuou bom e compensava, o vício foi ficando cada vez mais forte alimentado à custa de toda uma grande indústria, onde estou incluído, que começou a crescer à sua volta. Muita gente começou a fazer muito dinheiro.
Seguindo a lei da oferta e da procura, o dealer acabou de aumentar um pouco os preços, mantendo a sua premissa base: quanto mais compras, mais tens de graça. Ainda é um bom negócio, visto que a TV não te dá audiência de borla. O que pagas é o que tens. E a segmentação é precisa e straight to the target.
Este é o modelo de negócio do Facebook. É bom e eu gosto dele.
E explico agora porque gosto dele:
Somos todos pessoas por detrás dos ecrãs, certo? Sabemos que o algoritmo do Facebook tenta dar-nos uma melhor experiência, para nos manter como users e continuar a vender-nos enquanto audiência. Eles baixaram o reach porque as pessoas estavam a queixar-se do excesso de publicidade. Demasiadas marcas foram criadas, o investimento que cada uma faz continua a ser maior e, consequentemente, um News Feed sem moderação seria um gigante ecrã publicitário. Ninguém quereria ser bombardeado com anúncios no espaço pessoal que acreditam que o Facebook é. Assim, para nos manter satisfeitos e responder a um grande boom de páginas de Facebook de marcas, tiveram de o diminuir um pouco ou as pessoas iriam para outro lado.
No entanto, e porque somos todos pessoas, o Facebook não pode impedir que um post tenha likes ou seja partilhado. Esta é a parte boa. Pode reduzir o reach orgânico, é verdade, não há dúvidas disso. Mas se o conteúdo for bom, contextualizado, postado com bom timing de forma a ser relevante para as pessoas, ultrapassará o funil do algoritmo e terá um excelente alcance orgânico.
O alcance depende do verdadeiro, e real, comportamento das pessoas em relação ao conteúdo com o qual são confrontadas, comportamento esse que o algoritmo do Facebook tenta simular matematicamente: o reach orgânico de conteúdo será igual ao produto do seu timing, qualidade, pertinência e afinidade com a audiência. Ele decrescerá no tempo, pois há mais coisas a acontecer e as notícias velhas não interessam. Se pensarem bem, faz todo o sentido. A inteligência artificial ainda não é perfeita a simular o comportamento humano, mas está cada vez melhor a fazê-lo.
Ao criarmos o conteúdo certo, no contexto certo, para a audiência certa, iremos ter resultados orgânicos impressionantes. Não entrem em pânico, ainda é orgânico. O problema é que nem sempre acertamos com a fórmula. É difícil acertar 2 vezes por dia, 365 dias por ano. Mas não é impossível. Aliás, até um relógio parado o faz.
(originalmente publicado no blogue da Live Content)