“Que se foda, demito-me.” Foi desta forma que a jornalista Charlo Greene colocou um ponto final na sua carreira na KTVA, uma estação televisiva do Alasca. Greene estava no ar, a falar sobre o Alaska Cannabis Club e o uso medicinal da ‘droga’ naquele estado norte-americano, quando o inesperado aconteceu.
A jornalista revelou em pleno directo que era ela a proprietária do Cannabis Club e anunciou a intenção de dedicar todos os seus esforços à legalização da marijuana no Alasca. “Tudo o que ouviram [sobre este assunto] é a razão por que eu, a verdadeira proprietária do Alaska Cannabis Club, tenciono dedicar toda a minha energia na luta pela liberdade e pela igualdade – o que começa pela legalização da marijuana aqui no Alasca“, disse.
“Quanto ao meu trabalho aqui, bem, não tenho muita escolha… Que se foda. Demito-me!”, acrescentou Charlo Greene, saindo imediatamente do ecrã. A emissão passa para a pivot que se mostrou estupefacta com a situação.
Mais tarde, a KTVA pediu desculpas pela “linguagem imprópria” usada pela jornalista:
Viewers, we sincerely apologize for the inappropriate language used by a KTVA reporter on the air tonight. The employee has been terminated.
— KTVA 11 News (@ktva) September 22, 2014
A estação televisiva não sabia da intenção de Charlo Greene se demitir em directo. A jornalista tinha planeado o “golpe” para lançar uma campanha de apoio à legalização da cannabis no Alasca, estado onde a planta só é permitida para uso medicinal. A 4 de Novembro, em referendo, os “alascanos” serão ouvidos e, se disserem Sim, a marijuana passará a ser consentida para consumo recreativo no estado (maiores de 21 anos / 6 plantas por pessoa), tal como já o é em Washington e no Colorado.
Na plataforma de crowdfunding Indiegogo, Greene pede 5 mil dólares para cobrir os custos da campanha (deslocações, material informativo…), mas, à data de escrita deste artigo, já angariou perto de 6 500 dólares.
“Imagina que, depois de Colorado e Washington terem legarizado a marijuana recreativa, oferecendo ao resto do mundo uma imagem positiva do que o fim da proibição pode fazer, que os votantes do Alaska falhem em orientar a nossa nação na direcção da liberdade e da igualdade. Não restam dúvidas que tal irá ter impacto nos esforços de outros estados e países na legalização da marijuana”, escreve a ex-jornalista no Indiegogo.
Charlo Greene diz que enquanto jornalista viu, nos últimos meses, muitos truques sujos e muitas mentiras em campanhas contra a legalização, que influenciaram a opinião pública. “Os dados mostram que a maioria dos alascanos, que eram inicialmente a favor da iniciativa, são agora contra”, refere.