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1 de Maio é o Dia do Trabalhador; no entanto, esta sexta feira, teve duplo significado. Não é oficial, mas bem que se podia marcar no calendário esta data para celebração do Hip Hop Nacional. Foi no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, que decorreu o festival Hip Hop Sou Eu, a última grande prova a sul da energia do hip hop português e – sem dúvida – uma celebração que merece um sublinhado especial na história do movimento.
É verdade que não é todos os dias que o rap tem tanto espaço para fazer a festa mas ainda é mais verdade que quando o tem não desperdiça. E esta sexta-feira não foi excepção, num coliseu completamente invadido pelo espírito hip hop, ou pelos espíritos hip hop. A noite foi longa e pautada por diversos nomes, de diversos estilos do panorama nacional. Tekilla foi o MC escolhido para fazer as honras da casa e que entre originais seus entretinha o público e definia o mood da noite.
Após um começo marcado pela demonstração de força e versatilidade da nova escola com MGDRV, Plutónio, Bispo e Profjam, foram os Grognation – também eles da nova gera – a determinar um dos primeiros grandes consensos da noite. A actuação dos rapazes de Mem Martins foi um autêntico shot de Grog para um público que pouco mais dispersou. Com uma dose de energia invejável e olhos que brilham quando ouvem falar de hip hop, a turma de Factor, Neck, Papillon, Prizko e Tem-p provou que tem aprendido muito bem a lição, num concerto que nos deixou com vontade de ver muito mais e com memórias fortes como o encontro (de gerações) com NBC para a Casa dos 20.
Depois dos Grog foi a vez do Killa assumir o microfone, entre gritos de incentivo e agradecimentos ao público pela presença, o rapper lisboeta apresentou o que tem andado a fazer como as faixas, já editadas e com direito a videoclip, “Só Há Um” e “Contra Factos”.
A noite já valia a pena e ainda não tinham chegado os mais aguardados. Dillaz foi o rapper que se seguiu, numa espécie de transição para os valores firmados. A jogar quase em casa, vindo da Madorna com a sua crew M75, Dillaz subiu ao palco com tudo embalado por um ano de crescimento constante. O Chapz já se tornou reconhecido e a prová-lo estava o público que, mesmo quando o flow acelerava, ia conseguindo acompanhá-lo.
Depois de Dillaz, foi a vez de Jimmy P tomar conta do coliseu. O rapper do Porto mostrou ser um dos mais habituados a estes festivais, numa actuação com banda que deixou o público ao rubro e onde tiveram destaque os temas mais populares de Jimmy P como “On Fire”, “Amigos ou Amantes” e as duas colaborações com Valete, que infelizmente não pôde estar presente.
Para fechar a noite não se podia pedir melhor. Mundo Segundo e Sam The Kid, em duo, presentearam o público com uma hora e meia do mais puro hip hop tuga contado em algumas revisitas, reinterpretações e participações especiais. Não faltou nada.
Com os djs do costume, Cruzfader e Guze, Mundo e Sam tiveram ainda dois convidados especiais, Maze e NBC. Para além dos temas dos dois artistas e das várias colaborações reinterpretadas, o festival serviu ainda para aguçar o apetite dos ouvintes de hip hop para o álbum que ainda vem. “Tu Não Sabes” foi um dos temas em destaque depois do sucesso que foi o vídeo recentemente lançado.
Não é todos os dias que o rap tem tanto espaço mas podia devia ser.
(fotos: Manuel Casanova / Shifter)
Tekilla
Grognation
Dillaz
Jimmy P