Se achas importante o que fazemos, contribui aqui.
A Uber, uma das empresas tecnológicas mais valiosas do mundo, acabou de derrotar o presidente de câmara mais poderoso do mundo: o mayor de Nova Iorque, Bill De Blasio.
O responsável por Nova Iorque não resistiu ao marketing da Uber. De Blasio tinha apresentado, no início do mês, um projecto de lei que limitaria o número de licenças para serviços de ride-sharing e que faria com que, no próximo ano, a Uber só pudesse adicionar 201 novos motoristas à sua plataforma. Agora, depois de uma massiva campanha promovida pela Uber, em várias frentes, De Blasio desistiu da ideia.
De Blasio comprometeu-se agora a promover um estudo, com duração de quatro meses, sobre o impacto dos veículos da Uber e de plataformas de ride-sharing no trânsito de Nova Iorque, sem limitar os número de veículos que estas empresas podem ter nas ruas. Todavia, a câmara de Nova Iorque não descarta a possibilidade de colocar esta limitação num futuro.
Durante os últimos dias, a Uber desenvolveu em Nova Iorque, uma intensa campanha, envolvendo várias frentes, em defesa do serviço. Uma das iniciativas foi este vídeo, posicionando a plataforma junto das minorias e dos residentes nos subúrdios da cidade:
A tema rapidamente saltou para a imprensa, com vários artigos de opinião. Um deles foi assinado por toda a equipa editorial do The New York Times.
.@nytimes to @BilldeBlasio on capping Uber in NYC: "It’s a bad idea." http://t.co/s1pK1CSlKV
— Uber NYC (@Uber_NYC) July 18, 2015
The @nytimes, @NYDailyNews + @nypost all agree: @BilldeBlasio should stand up for New Yorkers—not medallion owners.https://t.co/ELcUnxm0pp
— Uber NYC (@Uber_NYC) July 22, 2015
Em Nova Iorque, a Uber colocou também anúncios na televisão, banners em vários websites e enviou e-mails directamente para os membros da câmara municipal. Na última terça-feira, por exemplo, promoveu uma feira pública, em pleno Queensbridge Park: deu comida e procurou angariar futuros motoristas para a plataforma. No início do mês, já tinha feito uma manifestação em frente à câmara municipal com actuais motoristas e funcionários da empresa.
Today, hundreds of current and prospective partners gathered at Queensbridge Park to show their support for Uber. pic.twitter.com/DqLRQOXTpA
— Uber NYC (@Uber_NYC) July 21, 2015
Mas a Uber não se ficou por aqui: disponibilizou a opção “De Blasio” na sua app, mostrando aos mais de 2 milhões de utilizadores do serviço em Nova Iorque como seria a sua vida com o plano de Blasio aprovado. Houve ainda uma petição online.
This is what Uber will look like in NYC if Mayor @DeBlasioNYC's Uber cap bill passes. Say NO: http://t.co/SJYRPG9qL4 pic.twitter.com/bqRGjmVelm
— Uber NYC (@Uber_NYC) July 16, 2015
Se isto tudo te parece uma campanha política, é porque foi mesmo. Nova Iorque é um dos maiores mercados para a Uber, que gera muitos milhões de dólares de receita anual para a empresa. Se a Uber quer crescer na cidade que nunca dorme, não tem outra escolha se não lutar contra o lobby dos taxis e a câmara municipal.
A Uber é um conceito simples: leva pessoas de um ponto A para um ponto B com um toque num botão. Contudo, afecta vários factores, não só o trânsito nas ruas, mas também aspectos de regulação, emprego, infra-estrutura da cidade e, sim, política.
A Uber não pode mexer na infra-estrutura da cidade e mudar a regulamentação sem entrar no jogo política. Não se tornou uma empresa avaliada em 50 mil milhões de dólares sem disputar uma única luta. Nova Iorque está logo de ser o único mercado que a Uber influenciou politicamente, mas o que acontece é um excelente case-study, capaz de provar o poder da equipa de relações públicas da empresa.
Não é de estranhar tamanha força. No ano passado, a Uber contratou David Plouffe, antigo gestor de campanha de Obama. Plouffe integra a divisão política e estratégica da Uber, e tem sido responsável por garantir que a empresa Uber ultrapassa cada obstáculo regulatório que aparece no seu caminho, para que ele possa operar no maior número de cidades possível em todo o mundo. Com Plouffe aos comandos, a Uber fez importantes contratações. A última delas foi Rachel Whetstone, antiga vice-presidente sénior de comunicação e política da Google, para substituir Plouffe, que agora se mantém como assessor-chefe da empresa.
A Uber quer que ninguém a pare. Em Nova Iorque, recorde-se, já existem mais veículos Uber que táxis nas ruas, mas há mais números importantes, conforme aponta a Bloomberg neste artigo.