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Agora falamos-te de um filme diferente. Uma curta-metragem (ou média, se assim preferires) de 2000 da autoria de António Ferreira, cineasta português nascido em Coimbra. Chama-se Respirar (Debaixo D’Água) e percorreu alguns festivais de cinema do mundo, de Vila do Conde a Nova Iorque, tendo inclusive feito parte da Selecção Oficial de Cannes Film Festival.
Este é um filme peculiar. O realizador entrega-se às incertezas da adolescência. O silêncio faz parte do diálogo e as imagens brutas e poderosas em si mesmas são também o resultado da vivacidade, pujança e pureza desta etapa da vida.
A câmara como instrumento da claustrofobia própria de uma adolescência em que não é fácil existir, não é fácil respirar (“debaixo d’água”). De tantos contratempos que Pedro (interpretado por Alexandre Pinto, que ganhou o prémio de melhor actor no Festival de Nova Iorque com este filme e que em 1998 tinha também sido protagonista do filme de Teresa Villaverde, Os Mutantes) tem, como a luta por um amor que é disputado por outro rapaz, os seus supostos amigos ou a sua relação com os pais, Pedro é obrigado a aprender a “respirar”.
No final ressalva-se duas coisas: Pedro aprende a respirar debaixo de água e nada impede uma pessoa de lutar por outra. Um filme lindíssimo. Aproximadamente 45 minutos da simplicidade complicada que é a adolescência, no cinema e na vida.