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Songs From A Room (Sofar) é um conceito dado à luz em Londres em 2010 e que já se expandiu para vários pontos do mundo (Los Angeles, Nova Iorque, Berlim, Sidney, Seul, Santiago, etc.), onde a música tem lugar para ser tocada e ouvida aos pés dos artistas. Consiste num evento secreto, do qual só se sabe a data e nada mais. Podes candidatar-te a um lugar nestas sessões através do site oficial.
O Shifter marcou presença numa destas sessões, que contou com o cantautor Luís Severo, Flying Cages e Surma. O local escolhido para esta sessão foi a escola de formação Restart. O espaço em si era um estúdio, aprimorado pela escola, especificamente para esta sessão. Decorado com uma estante de livros, cores alaranjadas e puffs espalhados pela sala, tudo para recriar o conceito intimista que o Sofar transporta, de sessão para sessão.
Com cerca de 50 pessoas, a sala ficou completamente cheia de bom ambiente e um público pronto para abraçar, de ouvidos bem abertos, a música que os três projectos propuseram oferecer. O staff não podia ser melhor, entre as cervejas grátis que iam entregar ao lugar de cada espectador e o belo sorriso da apresentadora, acima de tudo podia-se sentir um enorme orgulho no que estavam a fazer.
Tudo isto culminou em belos concertos, com cerca de 30 minutos cada um, que nos deixaram com pena de não ter dado para mais. O primeiro ficou a cabo de Luís Severo com “Cara d’Anjo”, um belíssimo conjunto de faixas do compositor que em tempos foi o Cão da Morte. Luís Severo apresentou-se a solo, no entanto, no seu disco conta com a ajuda de Bernardo Álvares, Ricardo Amaral, Luís Barros e Filipe Sambado.
Se com Severo tínhamos um em palco, os que se seguiram encheram bem mais o espaço. Flying Cages são quatro rapazes de Coimbra que se apresentaram em modo acústico e vieram, segundo o baterista, Rui Pedro Martins, porque não tinham nada para fazer. Piadas não lhe faltaram, conseguiu arrancar sempre umas gargalhadas do público, criando um bom nível de empatia e aproveitando para promover o seu disco “Lalochezia”. A verdade é que cantaram e encantaram, deixando o indie rock português em boas mãos, soado através da voz de Zé Maria Costa, que apresenta um registo muito similar ao de Alex Turner.
Para fechar esta curta mas bem preenchida tarde, foi a vez da One-Woman-Band, Surma. Ela é Débora Umbelino e pode-se dizer que é uma caixinha de surpresas. Momentos antes da actuação notava-se alguma timidez, mas mal começou a tocar, a timidez desvaneceu-se por entre o sintetizador, a Mpc, a guitarra e o baixo que trouxe consigo. Sim, Surma tocou todos estes instrumentos, conseguindo criar uma aura electrónica experimental. Sem dúvida que a jovem leiriense é daquelas artistas que temos que manter debaixo de olho, pois criatividade e engenho não lhe faltam.
Fechada assim esta sessão da Sofar Sounds, podemos garantir-te que é uma experiência mais que recomendável. Faltava na capital este nível de intimidade, fora de palcos e festivais. As próximas datas do evento serão a 11 e 26 de Junho.