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Foi na primeira sexta-feira 13 do ano 2017 que Nerve, Mike El-Nite e L-Ali subiram ao palco do Musicbox para enterrar de vez as dúvidas sobre se em Lisboa era ou não possível fazer uma festa de rap em português com rimas refinadas e o público entusiasmado.
L-Ali
Foi o primeiro a subir ao palco perante uma plateia ainda dormente mas não se deixou intimidar. Sempre escondido na sua máscara mas com uma transparência ímpar nos versos, L-Ali foi conduzindo uma perfomance sólida até chegar ao “Banghello!”, tema em que conta com a colaboração de Mike El-Nite que ajudou a soltar a plateia. Durante cerca de 45 minutos, L passou em revista temas de diversos projectos quase todos eles com produção de excelência (VULTO., Pesca ou Razat são a sua companhia habitual) e ainda contou com a presença em palco de Tilt que não precisou de muitos minutos para soltar o seu flow e cativar a audiência.

Nerve
Depois da tareia de L-Ali e do seu rap mordaz não foi preciso esperar muito até que começasse a segunda parte da cerimónia fúnebre com a subida ao palco de Nerve – por esta altura já perante uma sala a abarrotar e completamente into it, onde os telefones só serviam para fotos e as conversas para partilhar os temas mais aguardados.
Foi de um só jorro que Nerve começou a actuação, contando desde logo com a colaboração não solicitada da plateia que parecia conhecer certas faixas religiosamente, do primeiro ao último skit, e as cantava tão intensamente como o carpir de um funeral.
Depois de sentir o pulso ao público durante as primeiras faixas, o sacana nervoso levou-nos numa viagem por alguns temas do passado – mas nem nessa viajou sozinho. E se nos temas de ENPTO teve a ajuda de sempre, “Acena” teve direito a um convidado muito especial, Blasph, que veio para emprestar à festa a sua habitual presença a que não se fica indiferente.
Entre tudo isto ainda hoje tempo para a “Pollockada” um acapella de cortar a respiração e para Música de Dança, um poema sobre beat de VULTO. que nos dá uma ideia do calibre do que Nerve está a preparar para 2017.
O pequeno monstro que se escondia atrás do capuz mostra como já está capaz de sair da gruta e assustar o mundo com o seu rugido.

“Tudo vestido de preto porque a vida é um funeral”
Foi com a faixa “Funeral” lançada no próprio dia nas redes sociais que se deu a troca de mestre de cerimónias. O tema que une Nerve & Mike El-Nite foi produzido por DWARF e foi acompanhado pelos drums ao vivo do Diogo Sousa, baterista mais conhecido pela pertença aos badalados Savanna.
Mike El Nite
O mesmo set se manteve para receber Mike El Nite, afinal de contas esta tem sido a forma de Mike se apresentar nos últimos tempos e a sua utilidade está mais que comprovada. Nos primeiros minutos foi impossível para Mike esconder a emoção, desligando por momentos a toada do funeral, agradeceu formalmente ao seus “grandas putos” presentes e não mais parou. Com uma entrega singular a todos os momentos e evitando os olhares através dos óculos escuros, Mike El Nite dedicou-se a cada tema como se continuasse o esforço por agradecer a todos uma noite tão especial.
Se no passado havia dúvidas sobre a eloquência e a maturidade do rap do guerreiro, Mike aproveitou a vala aberta para as enterrar também.

Uma noite em cheio para o rap que ficará para sempre na memória de quem esteve presente e revela na intensidade de cada fotografia:
Fotos de: Tiago Serrano/Shifter