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Nem nós que frequentemente advogamos a importância dos diferentes tipos de letra no mundo cada vez mais digital alguma vez tínhamos pensado escrever a notícia de hoje. Em causa está uma processo judicial envolvendo o Primeiro-Ministro do Paquistão e a sua filha, acusados de forjar documentos para esconder a sua propriedades, e fortemente indiciados pelo tipo de letra utilizado no documento.
2nd trust deed:
I am a trustee & NOT the owner. Proof attached. #TheTruth pic.twitter.com/ATfonbEw8Y— Maryam Nawaz Sharif (@MaryamNSharif) November 15, 2016
A história data de 2006, terá sido nesse ano que Maryam Nawaz (a filha do primeiro ministro) terá redigido os alegados documentos que agora chegam ao centro da polémica. O pormenor que a tramou foi… a fonte escolhida. Maryam terá usado Calibri, fonte que, segundo a equipa de investigação encarregue do caso e as informações disponíveis online, só se tornou pública em 2007.
Apesar de ter sido criada antes, estar disponível para descarregar online e ter integrado uma pré-release do Windows em 2004, em 2006 não seria a fonte standard da documentação do país, o que terá levado a equipa de investigação a traçar as suas conclusões.
Oh. My. God. pic.twitter.com/LC5w13f9RX
— Zarrar Khuhro (@ZarrarKhuhro) July 10, 2017
Até o criador da fonte foi chamado ao debate pelo jornal paquistanês Dawn que quis averiguar com exactidão quando teria sido desenhado o tipo de letra, uma informação que não ajuda a investigação, uma vez que De Groot terá começado a desenhar Calibri em 2002, tendo acabado em 2004. Por outro lado, é o próprio quem aponta a improbabilidade de alguém utilizar uma fonte só disponível em testes beta para produzir um documento oficial.
No Paquistão o caso tem sido amplamente falado, essencialmente por se tratar do primeiro-ministro e da sua filha mas também pelos contornos caricatos. Calibri e #FontGate têm sido as hashtags a tomar conta da internet.
Govt. of Pakistan should declare #Calibri Pakistan's National Font. 🇵🇰😀#FontGate #JITReport pic.twitter.com/IVhZxZKW5n
— Zeeshan Mahmood (@zeeshaandaar) July 11, 2017
O caso continua em tribunal com alegações de parte a parte, do lado da defesa continua o protesto de que a fonte saiu em 2004, do lado da acusação a constatação de que seria altamente improvável alguém ter interesse e acesso a uma fonte acabada de desenhar e ainda em fase beta.
Curioso será referir que todo este processo de suspeitas judiciais teve início no badalado caso dos Panama Papers, podendo agora ter uma importante reviravolta graças a um tipo de letra.