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Em 2016, disse ao seu criador, David Hanson da Hanson Robotics, que ia “Destruir os humanos“, ontem adquiriu um direito que muitos deles não têm. Sophia é o primeiro robot a receber cidadania na história e a Arábia Saudita é o primeiro país com um cidadão robótico.
Foi durante um mega evento tecnológico na capital Riad que Sophia, que faz (poucas) expressões faciais e mantém conversas, cortejou a multidão ao aparecer publicamente. Agradeceu e disse sentir-se muito “orgulhosa e honrada desta tão única distinção”.
Apesar dos olhos vazios de muitos, a beleza plástica de uns e a “lavagem cerebral” de outros, as semelhanças entre Sophia e pessoas que tu conheces não é suficiente para que a elevação do seu status tenha sido aceite com normalidade. É que esta mulher humanóide parece ter mais direitos que os milhões de mulheres humanas e trabalhadores estrangeiros que vivem no país.
Os avanços dos últimos tempos não fazem esquecer a situação atrasada que se foi enraizando na génese do reino saudita. Numa sociedade ultra-conservadora, iniciativas destas induzem uma falsa ideia de progresso – neste caso ligado à tecnologia -, que não existe nos assuntos que verdadeiramente interessam para a estabilidade e evolução social de um povo.
“It is historical to be the first robot in the world to be recognized with citizenship.” Please welcome the newest Saudi: Sophia. #FII2017 pic.twitter.com/bsv5LmKwlf
— CIC Saudi Arabia (@CICSaudi) October 25, 2017
Por um lado, Sophia apareceu no palco sem as vestes modestas exigidas às mulheres sauditas; sem hijab, lenço na cabeça, abaya ou manto. Por outro apareceu sem um tutor masculino, conforme é exigido pela lei saudita para as mulheres do país. Os guardiões masculinos, muitas vezes um parente do sexo masculino, devem dar permissão às mulheres para que possam viajar para o exterior, abrir contas bancárias ou realizar uma série de outras tarefas – e acompanham SEMPRE as mulheres em público.
No Twitter, a hashtag #Sophia_demands_the_repeal_of_guardianship ganhou seguidores de tal forma, que há até quem já ache que os recentes direitos históricos ganhos pela robot, serão perdidos em breve.
#صوفيا_تطالب_باسقاط_الولايه
Sofi Since You Became Saudi Now You Are Not Allowed To Walk in Public Without Your Hijab And of course Abaya too pic.twitter.com/HJIXfxDODe— M420 (@moonshiner99) October 25, 2017
#صوفيا_تطالب_باسقاط_الولايه شكل صوفيا بعد فترة pic.twitter.com/lX8a9V84NK
— IBRA⚖️. (@ibuurr) October 26, 2017
As críticas chegam depois de as autoridades terem permitido que as mulheres conduzissem a partir de 2018, numa acção que o reino exaltou como um grande passo em frente, que prevê a onda de reformas a longo prazo que tem sido atribuída ao reinado do próximo príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman. Vários grupos de direitos humanos advertiram que o país, que é gerido por uma monarquia que se rege segundo uma lei islâmica rigorosa, tem um longo caminho a percorrer em relação aos direitos humanos e, em específico, das mulheres.