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Os números não são certos e variam, geralmente, entre os os 60 e os 100 mil manifestantes naquela que é descrita quase consensualmente pela imprensa internacional como uma das principais demonstrações de vitalidade da extrema-direita na Polónia. O Dia era de celebração nacional mas relatos locais, noticiados pela Euronews, dão conta da escalada do tom até à apologia nacionalista.
A marcha, que se realiza com periodicidade anual, e conta habitualmente com a organização dos partidos de extrema direita, viu este ano juntar-se à sua base de apoio uma série de outros partidos de apoio ao conservador no governo, Andrzej Duda. O convidado de honra para a celebração oficial foi o antigo Primeiro Ministro do país e Presidente do conselho europeu Donald Tusk mas não faltaram os convidados internacionais na manifestação popular. Reforçando o carácter extremista da manifestação estavam presentes membros dos principais partidos representantes desta ideologia, como Stephen Lennon, ex-líder da Liga da Defesa Inglesa ou Roberto Fiore o auto-descrito fascista líder da Fuorza Nuova.
Warsaw now #IndependenceMarch #marszniepodległości pic.twitter.com/0phpJqv54v
— Agnieszka Pikulicka (@Aga_Pik) November 11, 2017
Embora como em todos os eventos do género, qualquer generalização sobre os presentes sejam demasiado arriscada, os cânticos reportados pela imprensa local e internacional dão uma ideia das motivações subjacentes à demonstração de união popular. “Polónia pura, Polónia branca” e “Refugiados fora!” são alguns dos exemplos mais citados numa marcha sob o tema “Nós queremos Deus.”
White nationalists & Neo-Nazis marched in Poland today carrying banners that read “White Europe,” “Europe Will Be White” & “Clean Blood."
(Video 1) pic.twitter.com/witNS3d7r9
— Sacha Saeen (@S_Saeen) November 12, 2017
The march attended by White nationalists & Neo-Nazis in Poland today was organised by a nationalist youth movement that seeks an ethnically pure Poland with fewer Jews or Muslims.
Video 2 pic.twitter.com/67UIO6X2cb
— Sacha Saeen (@S_Saeen) November 12, 2017
Em sentido inverso, a oposição polaca à ideologia fascista também deu aso a diversas manifestações. Uma delas protagonizada por mulheres e que terá sofrido alguns actos de opressão por parte do grande grupo por segurarem bandeiras com a mensagem “Parem o fascismo”.
Na Polónia e segundo algum trabalho no local, a ideia vigente é a de que a manifestação é uma representação do patriotismo dos polacos – 88% considera-se patriota – mas a agressividade e xenofobia implícita nas suas palavras não deixa margem para dúvidas. As caras tapadas, os sinais de violência, os símbolos de apologia nazi ou fascista são outros dos sinais à vista de todos.
A confusão entre patriotismo e nacionalismo e o uso da religião como tema para ignição das multidões têm sido apontadas um pouco por toda a Europa como as verdadeiras razões do crescimento da extrema direita no velho continente. Manifestações na Estónia, Ucrânia ou, agora, na Polónia são sinais evidentes de uma sociedade descontente e próxima de uma ruptura.
O partido organizador da Manifestação, o National Radical Camp, não esconde a sua índole nacionalista, anti-comunista e anti-semita. Fundado em 2012, o ONR, recria um partido anterior, de 1934, apresenta o aspecto de um partido jovem mas ideais politicamente pouco progressivos. O primeiro ponto da sua linha ideológica é a salvação do homem em Deus, com todos os outros a sustentar as ideias exacerbadas de nação e identidade nacional.
Outras das mensagens marcantes desta reunião são declinações da ideologia conservadora e de extrema direita. Por exemplo, desfilaram diversas tarjas em oposição ao aborto.