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Recentemente, a Casa Branca autorizou a publicação de documentos classificados sobre a morte de John F. Kennedy. Inesperadamente surgiu, nesse lote de ficheiros, um inteiramente dedicado a Martin Luther King.
O documento de 20 páginas, criado pelo FBI, descreve o activista como um “marxista de corpo e alma”, com fortes ligações ao Partido Comunista. O ficheiro é datado de 12 de março de 1968, três semanas antes da morte do activista Nobel da Paz, a 4 de Abril de 1964.
Quanto a ligações políticas, o documento afirma ainda que os discursos de Luther King seriam previamente aprovados por elementos comunistas, alegando que o activista precisaria de ajuda para os redigir – “King é intelectualmente lento, normalmente não consegue produzir declarações sem a ajuda de alguém”. Segundo o relatório, a organização cristã, Southern Christian Leadership Conference, não era somente um esquema de fuga aos impostos mas também uma ponte de ligação directa ao Partido Comunista.
Em relação à sua vida privada, Martin Luther King estaria envolto “num caso amoroso ilícito com a mulher de um dentista negro importante de Los Angeles, Califórnia, desde 1962”, e desse relacionamento teria uma filha. Para além deste caso estaria ainda envolvido com outras três mulheres – “é um facto que King não só se envolve em actos adúlteros como também gosta do anormal, envolvendo-se em orgias sexuais em grupo”.
Não há razão aparente para a juntar a ficha de Luther King aos ficheiros de John F. Kennedy, excepto o clima de conspiração associado a ambas as mortes. Esta falta de relação entre os casos é reforçada por nestes ficheiros não se encontrar qualquer menção ao presidente dos Estados Unidos ou ligação aos restantes documentos divulgados. Os registos mostram ainda que um departamento do FBI acedeu a esta informação em 1994, tendo decidido na altura manter esta informação secreta.
Martin Luther King had an affair with Joan Baez according to FBI dirt file put together 3 weeks before assassination https://t.co/QlV72c4ZA3 pic.twitter.com/sZQ4A7z53X
— Julian Assange ? (@JulianAssange) November 4, 2017
O perfil traçado de King é apresentado como resultado de conversas privadas, entre fontes anónimas, e rumores, pelo que a sua credibilidade é bastante discutível. Levantando-se a hipótese de ser uma tentativa dos serviços secretos americanos de abalar a imagem do homem que 4 anos antes tinha recebido o Nobel da Paz. Em entrevista à CNN, Clayborne Carson, professor de Stanford e Director do Instituto de Investigação Martin Luther King, afirma mesmo que o objectivo seria precisamente o de manchar a credibilidade de Luther King, e o responsável John Edgar Hoover, Director do FBI na época.
Podes aceder ao ficheiro na íntegra aqui.