Se achas importante o que fazemos, contribui aqui.
Guilherme Tavares tem 20 anos, desistiu da escola para se dedicar à música. Gravou e distribuiu um álbum praticamente sozinho e chegou ao número 1 no top do iTunes nacional no dia de lançamento. Fomos conhecer Calmness, um nome que os fãs da melancolia lo-fi devem deixar debaixo de olho.
I'M TOP 1 IN ALBUMS IN PORTUGAL FUCK FUCK FUCK
— Guii~ (@PUNKASSLATTE) November 9, 2017
Sempre quis fazer música, mas faltava-lhe a coragem. Até que de um período menos bom na sua vida, nasceu Calmness. “Decidi deixar os estudos e focar-me no que realmente me iria fazer feliz. (…) Comprei um programa de edição de música e comecei a aprender a produzir e a escrever músicas ao mesmo tempo.” Pouco tempo depois aprendeu como lançar música de forma independente e a partir daí nada o parou. Em Novembro lançou o seu primeiro disco, Lavender.
Composto por oito temas minimalistas, de curta duração, o disco cria ambientes melancólicos através de doces melodias ao piano e à guitarra. Em Calmness, as palavras “são o foco principal” e por vezes as letras são ditas em spoken word. “Não quero que fiquem esquecidas com o resto dos instrumentos ao se misturarem”, explica. Todo o trabalho segue a estética do lo-fi, ou seja, da baixa fidelidade.
“Quero ajudar as pessoas, quero que saibam que o que sentem é válido e que não estão sozinhas a passar pelo que quer que estejam a passar. Há quem diga que ouvir música assim quando se está em baixo só faz pior, mas para mim ajuda e faz-me sentir que os meus sentimentos são válidos e que há mais gente a passar pelo mesmo.”
Apesar de autodidata e assumido perfeccionista, contou com a ajuda de alguns amigos em Lavender. O músico Flatsound (de quem é fã) deu-lhe dicas via Twitter sobre como distribuir música online de forma independente, Pedro Menezes toca bateria em “Starting Over” e Flunkie oferece a voz para o final de “The Flowers Whisper Your Name”.
Se as letras reflectem um estado de espírito mais melancólico, as sonoridades têm inspirações bem distintas. A música de Stranger Things inspirou “Starting Over” e os sons 8-bit em “You Know What You Want Now” são influência do videojogo Earthbound. Sozinho no seu quarto, Calmness canaliza estas e outras inspirações e torna o processo de criação numa terapia. “Para mim a minha música foi terapêutica, ajudou-me a organizar e a processar o que estava a sentir ao escrever o álbum, e acho que isso se faz sentir para quem ouve.”
okay. i'm on the iTunes main page and top albums in Portugal. No labels, no paid promotions, all independent.
this is thanks to all of you who are sharing and listening to my album and i can't ever thank you enough. this means the world to me ;;; pic.twitter.com/8z6AdRT0Mx— Guii~ (@PUNKASSLATTE) November 9, 2017
Não sabemos exactamente o que sentem, mas a verdade é que Calmness ganhou um pequeno mas já significativo público nas redes sociais. Prova disso foi o lugar máximo do pódio no top de vendas do iTunes português no dia de lançamento e os memes que circulam principalmente no Twitter em honra do disco Lavender. “Enche-me mesmo o coração ver isso. Esse tipo de apoio é excelente e é o que fez o meu álbum chegar onde está, já a caminho dos 20 mil streams no Spotify, coisa que eu nunca pensei alcançar tão cedo, principalmente sem qualquer publicidade paga.”
No futuro gostava de colaborar com Florist e Surma (“o que ela faz é mesmo único e deixa-nos completamente envolvidos na música dela, e Portugal está a precisar disso”). Por enquanto, vale a pena deixares-te levar pelo ambiente de Lavender, um disco perfeito para acompanhar os dias frios do Outono.
Texto de: Teresa Colaço
Editado por: Mário Rui André