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David Lynch fez currículo a explorar a nudez das maneiras mais perturbadoras, fascinantes e geniais – de Isabella Rossellini, de pé, nua no seu pátio para retratar a sua mentalidade vulnerável no filme de 1986, Blue Velvet, àquela cena de sexo entre Naomi Watts e Laura Harring em Mulholland Drive.
Mais recentemente, naquilo que parece ser uma compilação de todas as suas ideias sobre a nudez, lançou “Nudes”, uma publicação fotográfica com imagens da sua autoria, editada em Janeiro. A justificação? “Eu gosto de fotografar mulheres nuas. A infinita variedade do corpo humano é fascinante: é incrível e mágico ver como as mulheres são diferentes.”
Não é a primeira vez que o realizador mostra o seu trabalho fotográfico. Em 2007, o artista exibiu sua exposição interactiva This Air Is on Fire, na Fondation Cartier pour l’Art Contemporain, em Paris. Tratou-se de uma retrospectiva que explorou temas da sua infância, adolescência e vida adulta. Uma década depois, será a mesma Fundação Cartier a publicar este novo livro.
“Nudes” apresenta mais de 100 imagens de nus femininos, a cor e a preto e branco, todas capturadas pelo próprio artista. O comunicado de imprensa que acompanha o livro refere que as fotografias: “atestam o fascínio de David Lynch pela infinita variedade do corpo humano, ao mesmo tempo que está em linha com o seu trabalho cinematográfico”.
Como se podia esperar, as fotos são uma masterclass em mistério e erotismo. Das imagens que entretanto surgiram na web, destaca-se o estudo monocromático e fechado das pernas cruzadas de várias mulheres, os ângulos incomuns que oferecem uma visão abstracta e caleidoscópica de feições marcadas ou membros entrelaçados. Como tudo aquilo em que Lynch toca, está em jogo uma certa mística poética- o tipo de poemas que seduzem e intrigam infinitamente. Uma espécie de curadoria de Lynch daquilo que é a tal “infinita variedade do corpo humano”, vista através da sua lente esotérica.





