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Depois dos recentes escândalos fazerem a estrutura e hegemonia do Facebook tremer, Mark Zuckerberg sentiu necessidade de se abrir perante os media. Numa série de entrevistas que deu ao longo da semana debruçou-se sobre a estratégia e políticas da companhia que gere, fazendo algumas revelações numa tentativa clara de acalmar as preocupações dos utilizadores.
Numa dessas entrevistas, ao jornalista da Vox Ezra Klein, a conversa não se centrou apenas nos Cambridge Analytica Files e também a acção do Facebook no Myanmar foi discutida — o Facebook é acusado por grupos de activistas locais de ter facilitado a difusão de mensagens de ódio por parte dos budistas e dificultado a missão de fuga da comunidade perseguida os Rohingya.
Os locais acusam o Facebook de proibir mensagens através da plataforma Messenger entre as comunidades étnicas que tentam a sua fuga ou preparam para se defender de invasões, ao mesmo tempo que permite a budistas ultranacionalistas continuar a propagar os seus discursos de ódio.
Foi na sequência da discussão deste tema que Mark Zuckerberg afirmou aquilo de que muitos de nós já desconfiávamos, que o Facebook analisa o conteúdo partilhado em privado da mesma forma que o conteúdo público — descondificando imagens e mensagens através de sistemas informáticos complexos e automatizados.
Zuckerberg fez questão de sublinhar que este trabalho não é feito por humanos, contudo, pode explicar as coincidências que tantas vezes acontecem de vermos algo de que falámos no Messenger reflectido nos anúncios com que nos cruzamos na plataforma.
A possibilidade de alguém ter acesso às nossas conversas não é propriamente um tema que tenha de nos preocupar, uma vez que a privacidade dos dados é, agora sem dúvida, uma preocupação do Facebook. De qualquer forma a transparência na plataforma sai mais uma vez manchada por estas revelações só agora chegarem explicitamente a público.