Se achas importante o que fazemos, contribui aqui.
O bombardeamento da madrugada deste sábado na Síria durou apenas uma hora e visou três alvos precisos, segundo o Pentágono e o ministério da Defesa britânico. A justificação dos Estados Unidos, Reino Unido e França para a acção militar conjunta é o alegado ataque químico de Douma, que deixou pelo menos 75 mortos e fez mais de 500 feridos.
Depois de dias de trocas de telefonemas, ameaças no Twitter e muita especulação, concretizou-se assim o bombardeamento que pode ser o início de uma nova guerra mundial. A retaliação concertada entre as forças aliadas pretende punir Bashar al-Assad. “Isto não são ações de um homem”, disse Donald Trump, “mas crimes de um monstro”. May fala numa situação de “puro horror” e Macron na “ultrapassagem de uma linha vermelha”.
In war, the elememt of surprise is sooooo important.What the hell is Obama doing.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 2, 2013
Donald Trump, Theresa May e Macron em uníssono
Num discurso televisivo feito a partir da Casa Branca, o Presidente norte-americano garantiu que estão a ser usadas “armas de precisão”, com o objetivo de impedir a produção, dispersão e utilização de armas químicas. “Estamos preparados para manter esta resposta até que o regime sírio pare de usar agentes químicos proibidos”, afirmou. E enquanto Donald Trump falava, eram ouvidas explosões em Damasco, segundo um correspondente da France Press no local.
Já depois do discurso de Trump, Theresa May comunicou aquela que foi a sua primeira decisão como Primeira-ministra a envolver a acção das forças armadas britânicas. May argumentou que todos canais diplomáticos foram utilizados, sem sucesso. “Ainda esta semana os russos vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que teria estabelecido uma investigação independente ao ataque de Douma”.
“Isto não é uma intervenção na guerra civil”, clarificou, “não é sobre uma mudança de regime. É sobre um ataque direcionado e limitado que não fará escalar as tensões na região e que fará tudo o possível para evitar vítimas civis”.
Também por escrito, Macron confirmou ter ordenado as forças armadas a intervir na Síria. Assinala que o ataque “está circunscrito às operações do regime sírio que permitem a produção e utilização de armas químicas” e explica que o parlamento do seu país será informado da ofensiva e será aberto um debate parlamentar, como estipula a Constituição francesa.
A Rússia não foi avisada previamente do ataque dos aliados. Os russos já reagiram. Anatoly Antonov, o embaixador russo nos EUA, não só se queixou de Moscovo não ter sido avisada, como considerou que “a Rússia está a ser ameaçada”. E deixou mais um aviso: “Nós alertamos que estas ações não deixarão de ter consequências”.
Russian ambassador to the US warns of "consequences" after strikes on Syria
Follow for more live updates: https://t.co/tGzWQuI8aS pic.twitter.com/tMb6e6twy0
— CNN Breaking News (@cnnbrk) April 14, 2018
O que aconteceu ao certo na Síria
Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, quatro aviões Tornados da RAF voaram de Chipre e dispararam mísseis Storm Shadow sobre uma antiga base de mísseis na Síria, perto de Homs, onde se acredita que o governo sírio tenha mantido armas químicas. A intenção, segundo o governo britânico, foi “maximizar a destruição dos produtos químicos armazenados e minimizar quaisquer riscos de contaminação para as áreas circundantes”, assegurando que as instalações atingidas estão “a alguma distância” de zonas civis.
NEW: French release video showing fighter jets taking off to execute strikes against Syria. https://t.co/yjRxpPgMYY pic.twitter.com/sTORxyB0cC
— ABC News (@ABC) April 14, 2018
A televisão estatal síria diz que 3 civis ficaram feridos na sequência dos bombardeamentos. Mas assegura que 13 mísseis foram interceptados. Em Damasco há manifestações com bandeiras russas. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, acrescenta que várias bases militares também foram atingidas. Incluindo a da Guarda Republicana e a 4ª divisão do exército, segundo o The Guardian.
As reações ao ataque
As reações ao ataque têm chegado de todos os quadrantes, a aliança responsável pelo ataque vangloria-se, parte da imprensa subscreve o ataque ainda que recorde que é ilegal à luz da lei internacional e poucos são os que vão condenando a ofensiva ocidental antes da conclusão da investigação.
So proud of our great Military which will soon be, after the spending of billions of fully approved dollars, the finest that our Country has ever had. There won’t be anything, or anyone, even close!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 14, 2018
Strikes by US, France and UK make it clear that Syrian regime together with Russia & Iran cannot continue this human tragedy, at least not without cost. The EU will stand with our allies on the side of justice.
— Donald Tusk (@eucopresident) April 14, 2018
The most revealing part of this tweet: "I believe that the US, UK, & France did the right thing by striking Syria . . . It is illegal under international law. But…" So: it's illegal, but the right thing to do. US foreign policy elites believe law only applies to their enemies https://t.co/LWLeKTNzJX
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) April 14, 2018
Macron surpreendeu com um tweet feito em Árabe a justificar a ofensiva:
السبت ٧ نيسان/ابريل ٢٠١٨ في دوما، وقع عشرات الرجال والنساء والأطفال ضحايا مجزرة بالسلاح الكيميائي. لقد تم اجتياز الخط الأحمر. بالتالي امرت القوات الفرنسية بالتدخل. pic.twitter.com/Earf4suGmF
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) April 14, 2018
Dozens of men, women and children were massacred using chemical weapons in Douma on Saturday, 7 April.
The red line has been crossed.
I have therefore ordered the French armed forces to intervene.https://t.co/mezFfV1Hh9 pic.twitter.com/7lVhMjhx9I— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) April 14, 2018
Apesar da recusa em participar no ataque, Merkel considera-o “necessário e apropriado”:
Germany's Merkel backs air strikes on Syria as 'necessary and appropriate' https://t.co/4BA8eiLmUI pic.twitter.com/sK0HEQQwa1
— Reuters Top News (@Reuters) April 14, 2018
Rússia pede reunião de emergência das Nações Unidas para discutir o ataque desta noite:
JUST IN: U.N. Security Council to meet at 11 a.m. EDT on Syria attacks at request of Russia – diplomats pic.twitter.com/NsB120kSvW
— Reuters Top News (@Reuters) April 14, 2018
O Ministério dos Negócios Estrangeiros, na figura de Augusto Santos Silva, reagiu dizendo que “Portugal compreende as razões e a oportunidade desta intervenção militar”; Marcelo Rebelo de Sousa também revelou compreensão pela ofensiva;
Em Portugal só Bloco de Esquerda e Partido Comunista expressaram a sua condenação.
Portugal compreende as razões e a oportunidade da intervenção militar que 3 países seus aliados levaram a cabo esta madrugada, contra o armamento químico do regime sírio. Entretanto, exortamos todas as partes envolvidas a evitar a escalada e a empenhar-se numa solução política.
— N Estrangeiros PT (@nestrangeiro_pt) April 14, 2018
O uso de armas químicas é absolutamente inaceitável e deve ser investigado. Este ataque não resulta de nenhum apuramento real e foi feito à margem das Nações Unidas. A escalada militarista tem de parar imediatamente. https://t.co/11VpOjptIM
— Catarina Martins (@catarina_mart) April 14, 2018
Comunicado do Partido Comunista Português: http://www.pcp.pt/pcp-condena-bombardeamento-dos-eua-reino-unido-franca-contra-siria
Excerto das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa:
“Memória, orgulho e coragem nos reúnem aqui hoje, Forças Armadas e Portugal, num dia em que Portugal já manifestou pelo seu Governo a compreensão para com a razão e a oportunidade da intervenção de três amigos e aliados, limitada a estruturas de produção e distribuição de armas estritamente proibidas pelo direito internacional e cujo uso é intolerável e condenável”