A espera foi longa, mas finalmente a reconversão do antigo Matadouro Industrial de Campanhã, desactivado há 20 anos, vai realizar-se. A Câmara Municipal do Porto divulgou esta terça-feira que a obra ficará a cargo da construtora portuense Mota Engil. O projecto vai custar cerca de 40 milhões de euros e vai ser conduzido pelo japonês Kengo Kuma, autor do novo Estádio Nacional de Tóquio, em parceria com os portugueses OODA – empresa de arquitectos de Matosinhos.

Para contextualizar quem nos segue, e demonstrar o quanto este processo foi longo, em Abril de 2016, o projecto para a reconversão do Matadouro foi lançado por Rui Moreira em Milão, na 21.ª Trienal de Artes, Design e Arquitectura, mas só em 2017 é que a Câmara do Porto, através da empresa municipal de Gestão e Obras do Porto (GO Porto), optou por um concurso limitado por prévia qualificação, cuja primeira fase do procedimento consistiu na qualificação prévia dos candidatos.
Embora o concurso tivesse apenas quatro candidatos, o processo de escolha foi demorado, porque as todas tiveram de passar por uma espécie de triagem e análise, até que em Fevereiro foram seleccionados os três finalistas que visavam “a reconversão integral do complexo, mantendo a sua memória histórica e natureza arquitectónica, em espaços empresariais diversificados e polivalentes”.

Todo este projecto teve de ser bem delineado. Um dos principais objectivos era preservar os patrimónios históricos, principalmente o Matadouro. Como tal, o intuito era estabelecer um diálogo de escala com as grandes infra-estruturas adjacentes (como o Estádio do Dragão) e, de forma subtil, através dos materiais, com o casario da freguesia da Campanhã.





O desenho feito pelo japonês Kengo Kuma, autor do estádio que irá receber a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio, é absolutamente fenomenal (como podes ver nas imagens), e não só une todo o complexo, “como através do seu movimento sublinha as partes essenciais do programa, servindo como pontos de referência e orientação”, de acordo com a publicação feita pela Câmara Municipal do Porto.
Em causa está a mudança completa da zona envolvente daquela parte da cidade. O espaço irá ter uma ponte pedonal para passar por cima da VCI, que permitirá fazer uma ligação entre o complexo do Matadouro de Campanhã à zona do Estádio do Dragão a poente. A obra também vai contar com um jardim e um miradouro que vai embelezar ainda mais este sítio, com o intuito de criar uma nova identidade marcante. “Dentro de meses, começa a ser construído um Porto novo”, lê-se no artigo publicado pela autarquia.




A proposta vencedora cria um impacto visual único para quem atravessa a VCI, e garante para a cidade a tão desejada visibilidade, tal como mais impacto turístico para esta zona do norte do país, que será “fundamental para o sucesso a longo prazo do processo de consolidação territorial e de inclusão social”.
Este projecto vai permitir que as pessoas ganhem uma maior acessibilidade nesta zona da cidade do Porto quando o Matadouro estiver concluído, porque vai articular-se com outras infraestruturas (Terminal Intermodal de Campanhã e da nova ponte que ligará a Gaia), e irá servir como um grande impulsionador económico, social e cultural, mas também será um “pólo dinamizador de toda a cidade”. “A ponte pedonal permitirá dar vida quotidiana ao espaço, introduzindo-lhe vivência de cidade e não fechando o ecossistema”, segundo o jornal Porto.
A empresa portuense Mota Engil vai ficar com a exploração do espaço pelo prazo de 30 anos. No entanto, quando o prazo terminar o espaço envolvido regressa à posse da Câmara Municipal do Porto.
Mas afinal quem é Kengo Kuma?
Nascido em 1945 na cidade japonesa de Yokohama, o japonês para além de ser um arquitecto de renome, também é professor na Universidade de Tóquio, onde lecciona arquitectura. Além disso, no seu portefólio já conta com trabalhos como Suntory Museum of Art, em Tóquio, a Bamboo Wall House, na China, a sede do grupo Louis Vuitton, no Japão e claro, o novo Estádio Olímpico de Tóquio, construído para os Jogos Olímpicos de 2020.