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Se na última vez em que falámos sobre o Mundial evidenciávamos como pode ser profícuo aproveitar o momento de concentração de tantas nações num curto espaço e tempo para reflectir sobre as suas políticas, agora foi vez de as questões políticas invadirem esse curto espaço e tempo para marcar o resto. O caso remonta às primeiras jornadas do Mundial, mas refere-se ao adversário que Portugal defronta esta segunda-feira, o Irão.
“Sanções aos EUA significa que, enquanto empresa norte-americana, a Nike não pode providenciar sapatos aos jogadores da selecção nacional iraniana neste momento.” – comunicado da Nike
País conhecido pelas difíceis relações com os EUA, o Irão viu essa inimizade traduzida na relação contratual com a gigante Nike que se recusou a fornecer as chuteiras aos jogadores da selecção iraniana. Carlos Queiroz, o treinador português ao comando da equipa do Irão, foi peremptório a mostrar o seu desagrado, sobretudo pela menção da Nike às sanções num comunicado feito para “jovens atletas”. O seleccionador afirma ainda que 90% dos seus jogadores compram as chuteiras, não dependendo por isso de contratos publicitários.
As relações entre os Estados Unidos e o Irão tinham-se tranquilizado durante o tempo de Barack Obama. Contudo, a chega de Donald Trump ao poder veio alterar o panorama. O actual presidente norte-americano rasgou o conhecido acordo nuclear com o Irão e voltou a impor novas sanções que impedem, entre outras coisas, as empresas norte-americanas de manter relações com aquele país ou empresas do mesmo.
Glad @Nike's taking national security into its own hands and stopping #Iran's expansionist national soccer team from getting those shoes. Azmoun could wear those shoes and personally run to Lebanon carrying rocket launchers for Hezbollah or sprint to DPRK and get missile tech… https://t.co/59tnBRbQzw
— Ariane Tabatabai (@ArianeTabatabai) June 7, 2018
O Washington Post foi ouvir um advogado para perceber até que ponto esta medida da Nike seria apenas o cumprimento da lei ou uma atitude excessivamente política e, ao que parece, o veredicto é que a Nike terá agido em conformidade. O mesmo especialista confirma a possibilidade de a empresa pedir uma licença especial que lhe permitia manter a normalidade na situação, mas avança que na administração de Trump essa concessão poderia ser improvável. Os iranianos são reconhecidos enquanto selecção pelo seu espírito combativo e por enfrentarem as dificuldades, tal como Queiroz referiu em conferência de imprensa.
Dear @Nike, pic.twitter.com/qovYDyuQB4
— Arash Markazi (@ArashMarkazi) June 16, 2018