Depois de ter largado 26,2 mil milhões de dólares há dois anos pelo LinkedIn, a Microsoft vai agora pagar 7,5 mil milhões pelo GitHub, o directório mais popular de código aberto da Internet. O negócio já tinha caído nas suspeitas da Bloomberg este domingo e foi oficializado hoje, segunda-feira, através do blogue da tecnológica de Redmond.
Satya Nadella, CEO da Microsoft, escreve que “os programadores são os construtores desta nova era” em que a computação está em todo o lado, tudo é inteligente e funciona na nuvem. A mensagem do executivo começa assim precisamente por elevar o papel dos programadores neste novo mundo tecnológico:
“À medida que cada indústria – da medicina de precisão à agricultura de precisão, da educação personalizada à banca personalizada – é impactada pela tecnologia, a comunidade de programadores vai continuar a crescer em números e importância. Os fluxos de trabalho dos programadores impulsionarão e influenciarão os processos de negócios e as funções pelas empresas – do marketing, vendas e serviços às TI e recursos humanos. E a criação de valor e crescimento de cada indústria vão cada vez mais ser determinados pelas escolhas que os programadores fazem.” – Satya Nadella, Microsoft
“Em resumo, os programadores serão centrais na resolução dos desafios mais urgentes do mundo”, descreve Nadella. Para o CEO da Microsoft, o GitHub é uma oportunidade para os programadores partilharem código e construírem em conjunto.
Mais de 28 milhões de programadores utilizam actualmente o GitHub, em conjunto com perto de 2 milhões de empresas e organizações, incluindo a Apple, a Amazon, a Google, o Facebook e, claro, a Microsoft (que diz ser das empresas mais activas com mais de 2 milhões de “commits” ou actualizações). Existem mais de 85 milhões de repositórios de código no GitHub, sendo esta plataforma praticamente global.

O que muda e não muda no GitHub?
Satya Nadella lembra que a Microsoft é uma empresa de programadores e que o código aberto faz parte da sua filosofia. Garante que o GitHub vai continuar uma plataforma independente e aberta a todos os programadores e que, com a sua equipa de vendas, rede de parceiros e infra-estrutura de nuvem, vai ajudar no crescimento do GitHub. Por fim, a Microsoft conta, através do GitHub, fazer as suas ferramentas e serviços para programadores chegar a “novas audiências”.
“Mais importante, reconhecemos a responsabilidade que assumimos com este acordo”, refere Nadella. “Ouviremos sempre o feedback dos programadores.” Nat Friedman, actual vice-presidente dos Serviços de Programação da Microsoft, vai sentar-se na cadeira de CEO do GitHub. O actual CEO da plataforma, Chris Wanstrath, vai ser um “companheiro técnico” na Microsoft. Tanto Nat como Chris irão responder a Scott Guthrie, vice-presidente da divisão Microsoft Cloud + AI.
Here we go. It’s all led up to this. I love OSS and I’ve done everything I can to support it both inside and out for years. With @natfriedman as CEO of GitHub I’m feeling good about this. GitHub will remain GitHub. https://t.co/3AKToR8BSV
— Scott Hanselman (@shanselman) June 4, 2018
A aquisição da plataforma segue a lógica de investimentos implementada por Satya Nadella que privilegia a tecnologia open-source e posiciona a Microsoft neste emergente e efervescente universo; Nadella tem conduzido uma série de aquisições e mudanças internas nesse sentido, como a disponibilização de algumas das suas aplicações em código aberto. Em sentido inverso, a comunidade de embaixadores da filosofia de código aberto é conhecida pela sua aversão à Microsoft, algo que pode provocar danos de reputação da plataforma GitHub entre os seus utilizadores mais assíduos. Um exemplo desta reação é a hashtag #DeleteGithub que começa a circular, bem como os sinais de mudança para a plataforma de “Git”, ainda totalmente em aberto, GitLab.
We're seeing 10x the normal daily amount of repositories #movingtogitlab https://t.co/7AWH7BmMvM We're scaling our fleet to try to stay up. Follow the progress on https://t.co/hN0ce379SC and @movingtogitlab
— GitLab (@gitlab) June 3, 2018