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Século XXI, recheado de salpicos constantes de revoltas contra a desumanização, e cada vez mais a favor de liberação. Vivemos numa sociedade em que de um lado se festeja o mês pride e de outro se criam campanhas homofóbicas contra Bilie Elliot. É um mar de gente, que se complica porque de gente se fazem as palavras ditas, e as ações tomadas.
No Leste Europeu, desde que a migração maciça se iniciou, oriunda da Síria, e à qual se juntam as pessoas que já escapam de Iraque, Afeganistão e muitos outros locais, nomeadamente na Hungria, começou a surgir uma inatividade em relação ao apoio a dar a estas pessoas. Escapam de uma situação intolerável, para um futuro, (esperam) melhor, e acabam por colidir com um muro. Muro esse construído “nas barbas” da União Europeia.
Questões surgem e o mar de gente torna-se cada vez mais caótico. Temo-nos deparado com o crescimento, repetitivo, de partidos de extrema-direita que acabam por conseguir chegar ao poder, e os quais, se motivam, muitas das vezes por discursos de ódio, que incidem, maioritariamente na problemática, refugiados.
Em Abril de 2018, Viktor Orban vence, mais uma vez, as eleições na Hungria, esta que reelegeu o partido Fidesz, para o terceiro mandato, partido de direita, e não de extrema-direita, mas que se verifica, pelos ideais, que vai saindo da sua pré-definida ala. Desta reeleição tivemos campanhas, várias, como será o que se espera de um partido, no entanto, há uma que gerou graves consequências, e essa será a campanha “Anti-Soros”.
Antes de mais cumpre esclarecer quem é George Soros, já que toda a campanha gira em torno desta personalidade. Milionário húngaro que emigrou para os Estados Unidos da América, George Soros é reconhecido por apoiar instituições e políticos liberais, que combatem o conservadorismo. No país Natal fundou a Universidade Central Europeia e lutou, em época de governo soviético pela libertação do seu país. Filantropo, figura que a muitos que estão no poder gostaríamos de poder chamar, Soros, foi, no entanto, na Hungria, alvo de uma campanha que contrariava os seus ideais, como o serão o de acolhimento dos requerentes de asilo, isto é, os migrantes. Essa mesma política, na qual de baseou o partido Fidesz e ainda hoje se baseia, clamava que Soros pretendia “islamizar” a Europa, opondo-se à ideia de que os refugiados deveriam ser distribuídos pela Europa. Órban usava assim a figura de um homem só, o polémico Soros, para se valer da polarização da sociedade e fazer vingar as suas ideias.
Esse foi apenas um dos pequenos (grandes) passos que a Hungria deu no caminho inverso da humanização, e que nos demonstra como um povo, se pode perder em incertezas que, infelizmente são considerados facto, à boleia de guerras mediáticas.
Mais recentemente, a 20 de Junho de 2018, foi aprovada uma lei, que deriva claramente da campanha Anti-Soros e de toda a política anti-refugiados, e que declara que será crime auxiliar quem entre no país sem documentos, mesmo que o façam no sentido de obter asilo. Esta lei vai dirigir-se muito certeiramente às organizações não governamentais que, cá está, George Soros apoia, e que apoiam estas pessoas. Viktor Orban declara abertamente que a Hungria não quer tornar-se um país de migrantes e por isso mesmo, todos os esforços, apesar de cada vez mais condenáveis no plano internacional, têm sido feitos nesse sentido. A intolerância vai surgindo intensamente na Europa, e a Hungria está com os seus “anti” a ser uma das líderes desse “movimento”.
Texto de: Sara Marques
Revisto por: Rita Pinto