O Ministro do Planeamento, Pedro Marques, esteve esta sexta-feira em Marco de Canaveses para anunciar que a electrificação da Linha do Douro vai avançar no valor de 10 milhões de euros. Mas, face aos problemas que a CP tem vindo a sentir recentemente, esse não foi o único anúncio do dia. Vão ser contratados 102 trabalhadores (e não 50, como inicialmente previsto) para a EMEF e vai ser alugado material circulante a Espanha para evitar, a curto prazo, a degradação do serviço ferroviário.
Resolver os problemas mais imediatos
“Em articulação com as autoridades espanholas, vamos reforçar o aluguer de material circulante eléctrico e a diesel, para repor o mais depressa possível todas as condições de circulação nas nossas linhas regionais”, afirmou o Ministro aos jornalistas. Citado pela Lusa, Pedro Marques reconheceu haver razões para os utentes estarem descontentes com o serviço prestado pela CP nas Linhas do Oeste e do Algarve. As perturbações nessas linhas decorrem, como explicou, das dificuldades que tem havido na manutenção do material circulante devido à insuficiência de recursos humanos na EMEF, a sucursal da CP que repara os comboios.
Pedro Marques anunciou a contratação de 102 trabalhadores para a EMEF (e não 50, como estava previsto) e o aluguer de material circulante a Espanha a curto prazo #investimento #ferrovia #cp #emef pic.twitter.com/xpwGwb5JVr
— Planeamento PT (@planeamento_pt) July 27, 2018
“Determinámos, em articulação com a CP, a contratação de mais 102 pessoas para a manutenção do material ferroviário. Tínhamos definido 50, percebemos a necessidade de reforçar essa capacidade e decidimos ontem, em definitivo da parte do Governo, duplicar essa contratação”, revelou o Ministro. Pedro Marques sublinhou que “estas pessoas são contratadas para a manutenção do material circulante”. “Essa é a grande necessidade que temos. Nós temos algum material circulante a diesel, mas não tínhamos recursos humanos suficientes e competências técnicas suficientes na EMEF para fazer essa manutenção”, anotou. O Ministro adiantou que, “se tudo correr bem nos concursos, no último trimestre deste ano já estarão ao serviço na EMEF”. “Fará toda a diferença na disponibilidade do material circulante que já temos e que está agora eventualmente imobilizado ou em piores condições de circulação.”
Electrificação da Linha do Douro
O Ministro do Planeamento referiu ainda que a degradação das Linhas do Algarve e do Oeste se deve também à inexistência de infra-estrutura electrificada e que essa situação deve começar a ser resolvida no início de 2019, no âmbito do programa Ferrovia 2020. É essa electrificação que também vai acontecer na Linha do Douro, no valor de 10 milhões de euros, entre as estações de Caíde (Lousada) e Marco de Canaveses. A obra já está consignada e está enquadrada numa empreitada maior de renovação dessa Linha, que abrangerá também o troço entre as estações de Marco de Canaveses e de Peso da Régua, passando pelo concelho de Baião, devendo também comportar a eliminação de algumas passagens de nível. Além da electrificação daquele troço, também o que resta da linha do Douro, do Peso da Régua até à estação do Pocinho, vai ser alvo de melhoramentos, incluindo a reabilitação integral entre o Pinhão e o Tua.
Será hoje adjudicada a obra mais arriscada dos últimos anos na rede ferroviária, porque implicará fecho da linha do Douro durante três meses. Se algo corre mal, vai doer. Marco – Caíde
— João Cunha (@trainmaniac) July 27, 2018
“Nós temos aqui cerca de 120 milhões de euros de investimento na Linha do Douro. Parece que é uma boa expressão de como nós não fazemos só investimentos na Linha do Norte ou nos corredores internacionais”, acentuou o Ministro do Planeamento, concluindo: “Nós estamos a investir na espinha dorsal da nossa rede, mas também nas linhas regionais, porque acreditamos muito também no papel da ferrovia na coesão territorial.”
E electrificação da Linha do Minho
Consignada está também a empreitada de electrificação do troço entre Viana do Castelo e Valença na Linha do Minho, um investimento de 18 milhões de euros; a electrificação do troço entre Nine e Viana do Castelo está em obra, que terminará este ano. Os primeiros comboios eléctricos para a Linha do Minho deverão começar a chegar já este ano. No total, a modernização da Linha do Minho representa um investimento de 86 milhões de euros e deverá ficar concluída no início de 2020. “Com as obra actualmente em curso, a ferrovia portuguesa ganha sustentabilidade para as próximas décadas”, afirmou Pedro Marques em Marco de Canaveses.
Estas obras na Linha do Minho permitirão que a ligação ferroviária por Alfa Pendular possa chegar a Valença, perto da fronteira com Espanha e com a cidade de Tui, ficando a faltar, do lado espanhol, a ligação a Vigo, uma antiga reivindicação do Eixo Atlântico, organismo que congrega 38 municípios portugueses e galegos. Para criar um corredor de ligação ferroviária em alta velocidade entre o norte da Galiza e Lisboa, faltam 30 quilómetros entre Vigo e a fronteira portuguesa devidamente electrificados e modernizados e uma saída da linha a sul de Vigo.