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A polémica em torno da exposição de Mapplethorpe tem dominado a cobertura mediática que lhe é dirigida. Embora seja uma discussão importante, caso se consiga ultrapassar a espuma dos dias e se questionem problemáticas da filosofia da arte e da estética, não devemos deixar que isso nos distraia da obra que está exposta em Serralves.
Foi no sábado passado, quando ainda havia pouca informação sobre a polémica envolvendo a demissão do director artístico, João Ribas, que me dirigi a Serralves, com o intuito de ver a exposição e, sobretudo, ver quem a vê, como a vê, e que reacções é que ela desperta. Encontrei uma exposição com pormenores de curadoria deliciosos (o meu preferido é o corredor final, num diálogo entre obras com temática em torno da morte. Deixo uma fotografia de um pormenor). Encontrei também decisões que não compreendi, sobretudo relativamente à restrição do acesso a algumas fotografias que não têm qualquer suspeita de conteúdo explícito.
Há um claro carácter temático na disposição das obras, e é provável que haja muito menos “nus” que num qualquer museu de arte antiga na Europa. A polémica tem uma dimensão que é muito maior que qualquer subversão das obras expostas, embora vá ser decisiva para o futuro próximo de uma instituição de referência no mundo da arte contemporânea.
Nesta reportagem, as fotos “restritas” aparecem no final da galeria, separadas pelo aviso que Serralves tem escrito à entrada. Desde quinta-feira, dia da inauguração, até domingo, cerca de 6 mil pessoas visitaram a exposição, de acordo com a Fundação Serralves.
Fotos de Jorge Félix Cardoso/Shifter