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O nome de Robert Mapplethorpe tem estado mais do que nunca nas bocas do nosso pequeno Portugal. A exposição da sua obra em Serralves gerou uma controvérsia de dimensão inesperada, que culminou na demissão de João Ribas, em manifestações e declarações públicas da administração da instituição. Tudo isto porquê? Porque parte da exposição foi restringida a maiores de dezoito anos, por conter conteúdos sexualmente explícitos, agressivos e BDSM. Uma acção que dividiu opiniões.
É nítido que o tabu em relação a este tipo de assunto ainda se faz notar e por isso, reunimos uma lista de cinco fotógrafos tão ou mais controversos como Mapplethorpe, que ao longo do seu percurso captaram conteúdos sexualmente explícitos. Fica o alerta: este artigo é totalmente NSFW!
Nota: a obra de Mapplethorpe não se fechou na exploração única deste tipo de matérias sexuais, teve muito mais para além disso, assim como a obra daqueles que vos apresentamos.
Vincenzo Galdi (1871-1961, Itália)
Foi um fotógrafo e modelo Italiano. Galdi nasceu não muito depois do despoletar da fotografia. Dessa forma, em conjunto com o seu parceiro artístico e também fotógrafo Guglielmo Plüschow’s, é considerado um pioneiro na fotografia erótica, por quebrar o taboo do pénis erecto na fotografia e pelos retratos homoeróticos.

Palavras-chave: Pioneiro; Homoerotismo; Nudez; Guglielmo Plüschow
Joel-Peter Witkin (n. 1939, EUA)
Witkin é um fotógrafo e artista norte-americano. Ao longo da sua obra captou muitas vezes cenas e cenários macabros e grotescos criados pelo próprio. Alguns temas das suas fotografias fazem alusões à religião, à história da arte e à literatura. É também conhecido pelos retratos de transgéneros, hermafroditas e drag queens.

Palavras-chave: Transgénero; Drag Queen; Mórbido; Grotesco; Referências; Arte
Nobuyoshi Araki (n. 1940, Japão)
Araki é um fotógrafo e artista japonês contemporâneo. O palco das suas fotografias é maioritariamente o Japão, mais propriamente Tóquio. Grande parte da sua obra remete-nos para a cena bondage (kinbaku) japonesa, com conteúdos eróticos e BDSM. Contudo, também se foca sobre o urbano e natureza (morta).

Palavras-chave: Japão; Corpo Feminino; BDSM; Erotismo
Larry Clark (n. 1943, EUA)
Larry Clark é um fotógrafo e realizador norte-americano. Tanto nos seus filmes, como nas suas fotografias, Clark retrata as subculturas jovens, em cenas de sexo, desportos radicais como o skate, drogas e violência, sem filtros. É conhecido por filmes como “Kids” ou “Ken Park” e esteve envolvido em polémicas por explorar e retratar a sexualidade de adolescentes por vezes menores, de uma forma explícita e agressiva.

Palavras-chave: Adolescentes; Erotismo; Skate; Drogas; Perigo
Clayton Cubitt aka Siege (n. 1972, EUA)
Cineasta, artista e fotógrafo. Siege, como é também conhecido, é uma personalidade activa no panorama artístico contemporâneo. O seu nome veio à ribalta com a reportagem que realizou do pós-Furacão Katrina e com as suas colaborações com celebridades como os Die Antwoord. Siege também aborda a sexualidade, o erotismo e temas BDSM que muitas vezes se dissolvem na barreira entre arte e pornografia.

Palavras-chave: Blue; Erotismo; BDSM; Hardcore
Outras referências
Como estes, também nomes como Nan Goldin, Georges Dureau (a grande influência de Mapplethorpe) ou Terry Richardson também estiveram envolvidos na quebra de tabus de representação e na quebra de limites da fotografia. Alguns deles, contudo, chegaram a ser acusados de assédio, forçar cenas, ou uso não autorizado de imagens, como Terry Richardson ou Larry Clark.
O que é certo, é que em 2018, um ano em que sentimos que tudo pode acontecer, ainda há um estigma gigante e um preconceito hipócrita em relação a este tipo de imagética, que quer se queira ou não, continuará a existir. Simplesmente porque fazem parte da vida humana. Por isso, esperamos mais exposições acutilantes e desconfortáveis.
Texto de Paulo André