Quem partilha mais ‘fake news’? Maiores de 65, aponta estudo realizado nos EUA

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Quem partilha mais ‘fake news’? Maiores de 65, aponta estudo realizado nos EUA

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Um estudo concluiu que poucos norte-americanos partilharam ‘fake news’ aquando das eleições de 2016. E os que partilharam foram sobretudo republicanos com mais de 65 anos.

As eleições norte-americanas de 2016 – aquelas que resultaram na eleição de Trump – lançaram um debate global em torno de desinformação. O termo ‘fake news’ popularizou-se e banalizou-se desde então; e o Facebook tornou-se entre um bode expiatório quanto à disseminação de desinformação. Certo é que independentemente da plataforma, os algoritmos ajudam por natureza à propagação do que é popular e viral, e a desinformação tira partido destas fragilidades.

As campanhas de Trump e de Clinton foram influenciadas por ondas de ‘fake news’ em toda a web – não apenas no Facebook. As tecnológicas responsáveis têm vindo a tentar melhorar as suas plataformas para torná-las resistes a desinformação mas, enquanto isso, surgem estudos que vão pintando o quadro ainda semi-incógnito sobre como as ‘fake news’ se propagam nos Estados Unidos. Um deles diz que sites de ‘fake news’ pró-Trump ajudaram a convencer alguns eleitores; outro refere que, apesar de poucos clicarem efectivamente nos links, os respectivos headlines captaram um alcance inquantificável no News Feed.

Mais recentemente, saiu um novo estudo publicado na revista Science Advances que teve como base um painel de 3500 pessoas, entre utilizadores do Facebook e não utilizadores, e que contribuiu com novos insights. Os investigadores tiveram acesso a dados públicos dos seus perfis dos participantes (incluindo os seus posts), bem como de páginas que seguiam, e cruzaram esta informação com listas de links de ‘fake news’, como esta, para encontrar padrões sobre a propagação de desinformação no Facebook.

O estudo concluiu que poucos norte-americanos partilharam ‘fake news’ antes, durante e após as eleições de 2016 (ou seja, no intervalo entre Abril e Novembro). Os que partilharam foram sobretudo republicanos com mais de 65 anos.

Olhando para os dados, apenas 8,5% dos internautas norte-americanos publicaram links para sites de ‘fake news’; 11% desses tinham mais de 65 anos, enquanto que apenas 3% tinha entre 18 e 29 anos.

Factores como a educação, o rendimento e o género não tiveram, de acordo com os resultados obtidos, influência na partilha de notícias falsas; contudo, foi encontrado um padrão relativamente às ideologias políticas: 18% dos republicanos difundiram desinformação contra 4% dos democratas. Esta situação poderá contudo ter a ver com a tendência da maioria das ‘fake news’ durante a campanha serem pró-Trump ou anti-Clinton, e não com uma eventual hipótese de os conservadores serem mais propensos a partilhar notícias falsas.

Sugere-se, assim, através deste estudo, que iniciativas contra desinformação devem ser direccionadas para camadas mais velhas. A relação entre a disseminação de desinformação pode reflectir diferenças ao nível da literacia digital. Para Andrew Guess, co-autor do estudo, em declarações ao The Verge, pode ser óbvio que sejam os mais velhos que partilham ‘fake news’, mas o mais surpreendente para este cientista político da Universidade de Princeton é que o factor idade mantém-se independentemente da filiação partidária ou da ideologia: “[O alastramento de ‘fake news’] não é impulsionado apenas por pessoas mais velhas por serem conservadoras.”

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