Há 35 anos, Isaac Asimov previu como seria o mundo hoje em dia

Procurar
Close this search box.
Asimov e a bola de cristal / Shifter

Há 35 anos, Isaac Asimov previu como seria o mundo hoje em dia

A democracia precisa de quem pare para pensar.

Num ambiente mediático demasiado rápido e confuso, onde a reação imediata marca a ordem dos dias, o Shifter é uma publicação diferente. Se gostas do que fazemos subscreve a partir de 2€ e contribui para que tanto tu como quem não pode fazê-lo tenha acesso a conteúdo de qualidade e profundidade.

O teu contributo faz toda a diferença. Sabe mais aqui.

Algumas das previsões do escritor e bioquímico acertaram em cheio, outras foram um tiro ao lado, mas o ano ainda agora começou.

Em 1983, o jornal canadiano The Toronto Star convidou Isaac Asimov para prever como seria o mundo no futuro, num editorial assinado pelo próprio. Considerado um dos Pais da ficção científica e um visionário na área da tecnologia, Asimov foi astuto na sua compreensão de possíveis desenvolvimentos técnicos, principalmente no que diz respeito ao futuro da informatização, a sua análise só esquece, provavelmente por defeito profissional, a influência social que os avanços tecnológicos têm nos dias de hoje.

Num dos seus palpites mais certeiros, Asimov adivinha, por exemplo, a nossa adição a um “objecto computadorizado móvel”, algo sem o qual seria praticamente impossível viver sem em 2019 e que se terá revelado como aquilo a que hoje chamamos: um smartphone.

O bioquímico de origem russa mas nacionalidade norte-americana também falou sobre a possibilidade de os computadores substituírem tarefas rotineiras ao ponto de realizarem trabalhos sem a necessidade de intervenção humana, algo que, de certa forma, também presenciamos nos dias actuais. Asimov escreveu ainda sobre o impacto da tecnologia na educação, referindo que, em 2019, populações inteiras deviam ser “computer-literate” e ensinadas como lidar com um mundo de “alta tecnologia”. 

Asimov estava mais ou menos correto em grande parte das suas previsões sobre o futuro da informatização, ainda que muitas acabem por ser demasiado vagas ou óbvias, acaba por ser nas implicações sociais da tecnologia que a sua análise está mais longe da verdade que hoje conhecemos. Um homem da ciência, não conseguiu prever o impacto humano daquilo que sempre ansiou ver evoluir, não teve noção de como as mudanças tecnológicas iriam mesmo acabar por dissolver algumas normas sociais. Ao falar por exemplo da tecnologia ao serviço da educação, assumiu que todo o seu efeito seria pedagógico, sem presumir que as crianças iam acabar por gastar bastante mais tempo com aparelhos digitais do que o aconselhado.

Entre as previsões erradas, Asimov pensou ainda que uma mistura de algas, fermento e água seria a base de grande parte dos alimentos sintéticos que estaríamos a consumir por esta altura. Demasiada ficção científica?

No campo da exploração espacial, talvez o escritor também se tenha empolgado além da conta. Mas não significa que as suas previsões não possam acontecer no futuro, só não estão assim tão próximas de 2019. Asimov escreveu em 1983 sobre temas como a colonização, mineração e construção de estações de energia solar no solo da Lua, algo que sabemos estar nos planos da ciência aeroespacial, mas não para este ano. Para Asimov, a humanidade poderia viver aos milhares em autênticas cidades planeadas na superfície lunar, e a chegada do ser humano ao espaço é algo que “veio para ficar”.

Como nota de rodapé, lembrar-te apenas alguns pontos biográficos de Asimov. Nasceu em 1919 na Rússia mas foi viver para os Estados Unidos com 3 anos e acabou por obter cidadania norte-americana em 1926. Com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, foi considerado um dos “três grandes” da ficção científica. A sua obra mais famosa é a Série da Fundação, também conhecida como Trilogia da Fundação, que faz parte da série do Império Galáctico. Também escreveu obras de mistério e fantasia, assim como uma grande quantidade de obras não-ficção. No total, escreveu e editou mais de 500 volumes. Asimov foi membro e vice-presidente por muito tempo da Mensa, a maior, mais antiga e mais famosa sociedade de alto QI do mundo e tem um asteróide com o seu nome e um robô humanóide inspirado em si.

O artigo que escreveu para o The Star não foi o único onde tentou prever o futuro. Em 1964, aceitou uma proposta do jornal The New York Times e fez uma série de previsões acerca do mundo, projetando-o como seria dali a 50 anos, em 2014. Embora não tenha utilizado, à época, os termos de hoje, pelos seus depoimentos percebemos que previu a existência dos micro-ondas, da fibra ótica, da Internet, dos microchips, e até da “epidemia” da depressão. Mas tal como nas previsões para o ano que agora começou, também na altura se entusiasmou e errou, quando previu por exemplo que existiriam carros voadores ou usinas nucleares de fusão atómica.

Índice

  • Rita Pinto

    A Rita Pinto é Editora-Chefe do Shifter. Estudou Jornalismo, Comunicação, Televisão e Cinema e está no Shifter desde o primeiro dia - passou pela SIC, pela Austrália, mas nunca se foi embora de verdade. Ajuda a pôr os pontos nos is e escreve sobre o mundo, sobretudo cultura e política.

Subscreve a newsletter e acompanha o que publicamos.

Eu concordo com os Termos & Condições *

Apoia o jornalismo e a reflexão a partir de 2€ e ajuda-nos a manter livres de publicidade e paywall.

Bem-vind@ ao novo site do Shifter! Esta é uma versão beta em que ainda estamos a fazer alguns ajustes.Partilha a tua opinião enviando email para comunidade@shifter.pt