O Festival Política voltou e há jovens a ajudar a passar a palavra

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O Festival Política voltou e há jovens a ajudar a passar a palavra

A democracia precisa de quem pare para pensar.

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O Festival Política decorre de 13 a 16 de Agosto, em Lisboa, dedicado ao tema do ambiente. O Shifter foi conhecer melhor os jovens embaixadores do evento.

O Festival Política, no qual o Shifter participou no ano passado, regressa ao Cinema São Jorge na próxima semana. No ano em que Lisboa é Capital Verde Europeia, a programação de quatro dias – 13 a 16 de Agosto – inclui debates, filmes, performances, música e humor, tendo o ambiente e a sustentabilidade como temas centrais.

Com as alterações climáticas no centro das reivindicações dos mais jovens e com os poderes públicos e económicos cada vez mais pressionados para mudarem as suas políticas em prol de um desenvolvimento mais sustentável, o festival dará especial atenção ao papel dos cidadãos como agente transformador, sem ignorar o impacto que a pandemia da Covid-19 está a ter em todo o mundo. O festival terá ainda pela primeira vez a figura do país-foco, que será o Brasil, e que estará em destaque em vários momentos da programação.

A agenda do Festival Política – que é de entrada gratuita, sendo apenas necessário levantar bilhete à entrada do Cinema São Jorge – pode ser consultada no site do evento. Entre debates, filmes, performances, música e humor, a oferta é diversificada e pode ajudar a preencher os dias de quem decide ou tem de ficar por Lisboa durante o mês de Agosto.

À semelhança dos anos anteriores, o Festival Política vai sair de Lisboa mas só mais tarde; confirmada está uma edição em Braga de 15 a 17 de Outubro, com a programação a ser anunciada em breve.

Quem são os embaixadores do Festival Política?

São jovens de diferentes áreas e idades. Em comum, têm o facto de serem embaixadores da edição deste ano do Festival Política, ajudando a aproximar o festival de uma faixa etária tão importante. O Shifter propôs-se a conhecer melhor estes jovens. Fez-lhes algumas perguntas e partilha contigo as respostas.

Nome, idade e ocupação

Sofia Grilo, 23 anos, Estudante de Engenharia Biomédica no IST.

Porque te interessas por política?

Para mim, política é o modo como são expressos os valores de um país ou de uma nação. Pelo que, se existem pontos a melhorar, ou as decisões tomadas pelo governo não englobam soluções para todas a problemáticas existentes num meio envolvente; a pergunta não deveria ser porque me interesso mas porque não nos interessamos todos. Política é a ciência que expressa o estado do país. Queremos melhorias temos de nos interessar.

Quais as áreas de intervenção política que achas prioritárias e porquê?

Direitos humanos e igualdade de oportunidades, tantas pessoas que trabalham em 3 turnos diferentes e continuam a não conseguir pagar as rendas, tantas pessoas sem aquecimento em casa, tantas pessoas cujo o hospital mais próximo lhes é inacessível, tantas pessoas que ficam por aprender por ausência de meios financeiros. É impossível conseguir desligar desta temática quando existe tanto por ser feito.

Corrupção, que existe em todos os países mas ainda é muito pouco falada. Como se fosse um problema demasiado distante para ser preocupação presente.

Sustentabilidade, sem planeta não haverá nada a melhorar. Sem sustentabilidade não haverá progressão na qualidade de vida de cada um de nós, não haverá meios para a humanidade prosperar.

Se fosses PM por um dia, que medida proporias?

Um dia é pouco para aplicar todas as medidas, mas ficam aqui registadas algumas que me surgem neste momento na cabeça coisas que me vêm logo à cabeça e me parece relativamente acessíveis são:

  • Incentivos na igualdade de oportunidade: linhas férreas no interior do país, distribuição da população (e oportunidade de progressão de carreira) no interior;
  • Combater a corrupção: um relatório de contas detalhado, para saber onde é utilizado o dinheiro dos impostos de cada um de nós.
  • Aumento da motivação ambiental: taxas para o combustível e emissão de CO2, maior promoção de produtos nacionais, taxas para o consumo de carne de vaca (como se faz em alguns países europeus), mais espaços verdes, proibição de deslocação de veículos no interior das grandes cidades (Lisboa e Porto)

Diz-nos 3 hábitos teus que te mantenham interessado/a e atento ao mundo

O primeiro, e talvez o mais incontrolável, pois vivemos todos nas nossas bolhas sociais, sem sequer termos noção que as nossas perspectivas estão a ser limitadas é o de me rodear de pessoas que se interessem, que me apresenta novas temáticas, que discutem,  são proativos e procuram constantemente saber mais. Outro hábito que criei há cerca de dois anos, quando me comecei a interessar por política, foi o de a minha primeira interação online do dia ser visitar páginas de jornais com tendências políticas opostas (esquerda e direita). Isto ajuda-me a questionar as minhas convicções, tentar perceber os factos e as diferentes versões de uma mesma história.

Por último, experienciar outras culturas, e isso pode passar por ir àquele café onde se juntam pessoas de origens diferentes das minhas, fazer voluntariado noutro país ou ir de Erasmus. Tudo conta desde que estejamos abertos a ver com os olhos de outrem.

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Observa o mundo à tua volta, quebra a cegueira, assimila cada detalhe. Procura saber, questiona aqueles que se tentam esquivar às perguntas, age perante o que te deixa desconfortável. E se conseguisses motivar mais uma pessoa a fazer o mesmo? Já conseguirias ver um mundo melhor?

Nome, idade e ocupação

Daniela Martins, 21 anos, estudante na Licenciatura de Relações Internacionais no ISCSP-UL.

Porque te interessas por política?

Eu interesso-me por política porque é algo, que para o bem ou para o mal, faz parte da vida de cada um de nós. A política não se faz só ao nível das instituições governativas regionais ou nacionais. Cada ato nosso enquanto cidadão comum tem, seja em que grau for, sempre um impacto político. Portanto considero que a política é uma responsabilidade social pois, como é algo que diz respeito a todos nós, as nossas decisões e as nossas ações (que se podem configurar políticas), vão impactar, seja em que medida for, a vida daqueles que nos rodeiam. Desta forma, acho importante estar por dentro do assunto e tentar que o meu impacto seja o mais benéfico possível.

Quais as áreas de intervenção política que achas prioritárias e porquê?

Eu considero que uma das áreas mais importantes da política é a Educação. Não só em termos de ensino mas também a educação da sociedade civil no geral. Acho que a Educação é fundamental como fator de inclusão das pessoas. Cidadãos mais informados são cidadãos que, por norma, vão ser mais críticos face ao mundo que os rodeia e, por consequência, mas interventivos e presentes na vida política. Por isso é que decidi integrar o Festival Política como Embaixadora. O Festival Política, ao longo das várias edições, tem feito um excelente trabalho em termos da democratização da informação e do conhecimento.

Se fosses PM por um dia, que medida proporias?

Não sei que medida específica iria propor, mas sei que provavelmente teria a ver com a questão das Assimetrias Regionais. Como pessoa que nasceu e viveu maior parte da sua vida no interior do país, este problema é algo que experienciei e me diz muito. Acho que é urgente colmatar a bipolariazação/litoralização de Portugal, e resolver o fosso que existe em termos económicos, em termos de infraestruturas e em termos sociais.

Diz-nos 3 hábitos teus que te mantenham interessado/a e atento ao mundo

Um dos hábitos que tenho para me manter interessada ou atenta ao mundo é ter as notificações ativadas no telemóvel e no PC, dos principais jornais nacionais e internacionais. Outro hábito é o de ler artigos de opinião e seguir “opinion makers” nas redes sociais, acho que é fundamental para formar uma opinião e tomar posição face aos mais variados assuntos. O terceiro hábito que tenho é o de discutir a atualidade e outros assuntos com aqueles que me são mais próximos. Considero que do debate e do diálogo podem surgir boas ideias de como certos problemas podem ser resolvidos, para além de que, se queremos mudar algo, temos de começar por nós e por aqueles que nos rodeiam.

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A mensagem que quero deixar para os leitores é um apelo para que pensem política, leiam política, discutam política. Porque fazer política, vocês já fazem (até mesmo não fazer nada já é um ato político que irá ter um certo impacto). Envolvam-se. Participem. E uma excelente forma de fazerem alguma destas coisas, é aparecerem no Festival Política. Ficamos à vossa espera!

Nome, idade e ocupação

Sofia Canteiro, 22 anos, recentemente licenciada.

Porque te interessas por política?

A política está presente em todos os âmbitos da sociedade e é exatamente por isso que me interessa. A única maneira de conseguir compreender o mundo que me rodeia é se tomar atenção e analisar a política de cada sociedade e do sistema global.

Quais as áreas de intervenção política que achas prioritárias e porquê?

Direitos humanos, discriminação a todos os níveis (principalmente o racismo, o machismo e a homofobia), a ecologia, a economia, a saúde, a justiça… São tantas! Sinto que vivemos um momento de mudança social, a pandemia exagerou problemas que sempre estiveram presentes, mas que eram convenientemente ignorados. O sofrimento das pessoas e as desigualdades que assolam as nossas comunidades têm de ter um foco bem luminoso sobre elas para que sejam finalmente resolvidas.

Se fosses PM por um dia, que medida proporias?

Os problemas são tantos que seria difícil nomeá-los a todos, mas mudava a lei da nacionalidade de jus sanguinis para jus solis, ou seja, quem nasce em Portugal tem nacionalidade portuguesa automaticamente. É vergonhoso haver afrodescendentes que nasceram em Portugal não terem nacionalidade portuguesa.

Diz-nos 3 hábitos teus que te mantenham interessado/a e atento ao mundo.

Estar informada do que se passa no mundo, ter várias fontes de informação e evitar a todo o custo a indiferença.

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Apesar de só conseguires fazer pouco para mudar a tua realidade, nunca o deixes de fazer. No final de contas, nós somos os 99%.

Nome, idade e ocupação

Catarina Valente Ramalho. 23 anos. Estudante de Mestrado em Estudos Artísticos e Marketing Executive.

Porque te interessas por política?

Se pensarmos que todos os actos que nos rodeiam são inevitavelmente actos políticos e ideológicos – inclusive a negação de se ser interessadx politicamente – considero que manter-me informada e “interessada” neste sentido é parte fundamental da minha participação enquanto cidadã numa sociedade democrática.

Quais as áreas de intervenção política que achas prioritárias e porquê?

Sublinho a importância do movimento social, nomeadamente numa Democracia representativa, como é o caso da Democracia portuguesa, e, nesta ação, identifico facilmente o feminismo e o anti-racismo como as lutas onde mais me tenho movido através de coletivos que integro, dentro de uma luta maior e necessária – a luta contra o sistema capitalista, que reproduz todas as assimetrias existentes.

Se fosses PM por um dia, que medida proporias?

Não me é possível responder directamente à presente pergunta, pois qualquer resposta seria inconsequente e simplista, contudo, e não esquecendo um triste e sintomático acontecimento actual – falo do assassinato de Bruno Candé Marques -, enquanto dirigente político, seria vocal na denúncia do racismo estrutural existente na sociedade portuguesa, inclusive nas instituições, assumindo um compromisso no combate a qualquer acto de descriminação, segregação e agressão motivado pelo ódio.

Diz-nos 3 hábitos teus que te mantenham interessado/a e atento ao mundo

Não conseguindo nomear três hábitos rotineiros, sublinho a procura por informação, seja via media, livros, música, cinema e outros elementos da cultura visual.

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A cultura e o acesso à mesma é um estímulo ao pensamento e ao debate – o que explica o infeliz silenciar dxs artistas em qualquer regime totalitário no passado e no presente e de que da arte surjam sempre raios de resistência. Por isso, num país em que a cultura é menosprezada e o acesso à mesma elitizado, apareçam e participem no Festival Política, que contraria esta regra. O acesso ao Festival Política é totalmente gratuito e democrático.

Nome, idade e ocupação

Beatriz Capão, 20 anos, Estudante da licenciatura de Ciência Política

Porque te interessas por política?

Não tem como não me interessar pela política, acho que não me consigo imaginar desligada e distante de toda a realidade que nos envolve. A proximidade que procuro com a política, surge da minha necessidade de ser consciente e atenta a todas as ondulações que surgem no mar imenso que é A política.

Quais as áreas de intervenção política que achas prioritárias e porquê?

A área ambiental e humana são duas áreas prioritárias “no matter what”. Olhando agora para todo o pano de fundo do imenso teatro político global, os desafios que nos chegam ao centro da mesa têm um grande peso na balança destas duas áreas e por isso é crucial intervir de forma consciente e humana.

Se fosses PM por um dia, que medida proporias?

Esta é sempre a pergunta para “queijinho”, mas proporia uma séria atenção à formação política, sublinhando que esta fosse consciente, neutra e transparente.

Diz-nos 3 hábitos teus que te mantenham interessado/a e atento ao mundo

Considero-me uma observadora de fundo de sala e por isso acho  importante estar a par de toda a realidade em que estamos envolvidos, portanto acabo por me  rodear de pessoas com o mesmo interesse e necessidade. Sobre esta bolha de interesse mútuo, acabei por ganhar o hábito de  acompanhar alguns podcasts e/ou jornais, levando-me também a seguir personalidades com um olhar atento e crítico sobre o mundo.

Nome, idade e ocupação

Maria Leonor Carapuço, 22 anos, estudante da Pós-graduação em Assessoria de Comunicação e Política

Porque te interessas por política?

Interesso-me pelos problemas da nossa sociedade e em perceber como é que nos podemos organizar coletivamente, através do Estado, para os endereçar. Sendo o objetivo do governo assegurar a qualidade de vida dos seus cidadãos, resta organizar as prioridades, definir os valores e objetivos e também a forma de os atingir. É um processo que nunca está terminado e que não é simples, mas que é necessário e muito importante.

Quais as áreas de intervenção política que achas prioritárias e porquê?

Considero urgente garantir a justiça social, o bem-estar de todos os cidadãos sem exceção. Também acho fundamental preservar o planeta em que vivemos e deixar de normalizar a forma como o destruímos. Por último, preocupa-me seriamente a ascensão da extrema-direita um pouco por todo o mundo. Quero aprofundar os meus conhecimentos de comunicação política para compreender melhor este fenómeno, bem como para saber como é que se pode construir um debate político deliberativo e democraticamente produtivo.

Se fosses PM por um dia, que medida proporias?

É-me realmente difícil de propor, apesar de ir contra o objetivo da pergunta. Proporia que se abolisse a propina para quem não tem a possibilidade de a pagar e, adicionalmente, à semelhança da Dinamarca, proporia ainda que quem trabalha em modo part-time enquanto estuda, tenha direito ao salário mínimo com participação do Estado.

Diz-nos 3 hábitos teus que te mantenham interessado/a e atento ao mundo

Primeiramente, gosto de conversar com pessoas diferentes e ouvir as suas opiniões, porque há sempre algo a aprender. Em segundo lugar, gosto de participar em iniciativas, assistir a conversas e debates, porque aprendo bastante também e melhor ainda oral e presencialmente. Por último, ler é extremamente importante, desde notícias e crónicas mas também livros e artigos.

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Gostava de dizer que compreendo a dificuldade que hoje em dia sentimos em discutir política, sobretudo com pessoas com quem não concordamos. Na minha perspetiva, as redes sociais não ajudam porque recompensam discursos mais emocionais do que racionais, que leva as pessoas a adotar uma postura de “esta é a minha opinião e quem não concorda comigo é estúpido”. Não podemos perder a esperança: temos sim de tomar atenção ao que se passa e fazer o que está ao nosso alcance para assegurar que não pomos a nossa democracia em risco.

Nome, idade e ocupação

Saliu Djau, 25 anos. Estudante de mestrado em Estudos de Desenvolvimento.

Porque te interessas por política?

Todos os aspetos da nossa vida estão relacionados com  política, duma forma direta ou indireta. Interesso-me por política porque sei que as decisões que se tomam no campo político acabam por nos afetar no nosso dia a dia. Conseguir influenciar essas decisões ou participar na tomada das mesmas, é uma forma de contribuir para a construção de boas sociedades.

Quais as áreas de intervenção política que achas prioritárias e porquê?

Segurança, justiça e proteção dos direitos fundamentais. Essas áreas dão base à formulação de políticas e estão ligadas com todas outras áreas, como economia, ambiente ou a questão da justiça social.

Se fosses PM por um dia, que medida proporias?

Tendo em conta as circunstâncias atuais, propunha medidas para combater o desemprego, criar formas de integrar os jovens no mercado laboral, ao mesmo tempo que procurava soluções económicas mais sustentáveis.

Diz-nos 3 hábitos teus que te mantenham interessado/a e atento ao mundo

Gosto de participar, dialogar e aprender com pessoas mais experientes. Isso estimula-me a estar mais informado e mais atento ao mundo.

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Chegamos a um ponto em que, para que haja verdadeiras mudanças, será preciso que todos colaboremos ativamente. É certo que muitas transformações terão que ser sistémicos e estruturais, mas as nossas ações individuais, que podem ser tomadas de várias formas, são indispensáveis no processo.

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