? O que fica depois do fim – Conversas Impróprias #6

? O que fica depois do fim – Conversas Impróprias #6

Vê ou revê aqui o último Conversas Impróprias.

Falar do jornalismo sem tabus foi o desafio a que o Shifter e o Gerador se propuseram ao longo deste ano. Para as Conversas Impróprias, seleccionámos cinco temas que nos pareceram pertinentes, e convidámos jornalistas, investigadores, gestores de projectos de jornalismo ou outros intervenientes do processo, que melhor pudessem contribuir para uma discussão aprofundada sobre cada um deles. O ciclo decorreu de Julho a Dezembro, tendo chegado ao fim com um balanço entre as moderadoras e os moderadores que mensalmente deram conduziram a estas conversas impróprias.

Nas Conversas Impróprias, falou-se sobre os parentes pobres do jornalismo – a cultura e a investigação, financiamento e direitos de autor, a diversidade das redacções, a relação entre jornalismo e activismo, por fim, a formação de jornalistas em Portugal. A moderação este a cargo de jornalistas do Shifter e do Gerador, nomeadamente da Carolina Franco, do João Ribeiro, da Raquel Botelho e do Ricardo Gonçalves, que se reuniram para uma última conversa sobre o futuro dos media:

Na conversa final, em jeito de balanço, cada moderador partilhou algumas das sensações e conclusões resultantes da conversa que moderou, conjugando os pontos comuns entre os diferentes debates. A síntese final apontou, de um modo claro, para a necessidade de continuar e alargar a discussão sobre os media, um sector indissociável do contexto político, social, cultural e até mesmo histórico. Numa reflexão marcada pela condição dos seus intervenientes, jornalistas em órgãos de comunicação social habitualmente designados como alternativos, procuraram-se algumas inferências sobre o panorama geral português enunciando referências de dentro e fora deste ciclo de conversa.

Noutra nota de relevo, os moderadores convergiram na ideia de que, perante os imperativos do quotidiano, resta pouco tempo e espaço nos media para que possam materializar reflexões sobre o seu trabalho, de um modo público, e em diálogo com as comunidades de leitores, como se procurou neste ciclo. “Muitas vezes fala-se dos problemas e das falências técnicas que o jornalismo sofre hoje em dia mas não ouvimos jornalistas a falar desses temas, a debatê-los em conjunto. E, portanto, estas conversas também surgiram muito nesse sentido”, comentou Ricardo Gonçalves. “São temas que nós próprios, entre nós, já falávamos informalmente, discutíamos entre nós, e sentíamos que era preciso convocar outras pessoas para estas conversas”, acrescentou Carolina Franco, aludindo aos temas decididos numa reunião inicial entre o Shifter e o Gerador.

A precariedade do sector que atinge tanto meios alternativos, como meios tradicionais, que fragiliza os vínculos laborais e corrói as condições de trabalho, foi outro dos pontos constantes nas diversas abordagens ao tema — revelando o carácter transversal, e quase sistémico, de uma certa desvalorização do jornalismo que afecta em primeira instância jornalistas e jornais. E, indirectamente, desincentiva a inovação e reinvenção do sector, prejudicando por último o leitor, num ciclo vicioso de perda de valor desta relação social tão importante nas democracias liberais.

“Se houver um espírito colectivo dentro da própria redacção, um verdadeiro debate dentro dela, é muito interessante porque as especializações de cada jornalista complementam-se”, notou Raquel Botelho, a propósito da conversa que moderara subordinada ao tema “Formação em Jornalismo” numa reflexão que abordou não só a importância da complementaridade a nível técnico mas também das implicações relacionais desta mudança de perspectiva.

“Tentámos criar um espaço para os jornalistas discutirem coisas que habitualmente falam nos seus círculos internos, pela precariedade da profissão, pela insegurança das carreiras, às vezes por más relações com chefias, relações tensas que não permitem ter conversas desafogadas e desassombradas sobre estes assuntos”, comentou João Ribeiro, reiterando a importância que plataformas como o Shifter e o Gerador podem ter neste tipo iniciativa, ao gerar um debate que integra intervenientes muitas vezes marginalizados. “Estas conversas acabaram por ser só pontos de partida. Em todas elas houve uma sensação de que não chegámos a lado nenhum. Estivemos a ter conversas que deveríamos tentar ter durante uma década condensadas em seis meses.”

O último Conversas Impróprias é um resumo de todas as conversas. É, tal como as restantes, uma conversa também entre jornalistas que tocou nos diferentes tópicos abordados ao longo destes seis meses. Os seis episódios do ciclo Conversas Impróprias estão disponíveis na integra em podcast, no YouTube do Gerador e nas plataformas de áudio do ShifterSoundCloud, Apple Podcasts, Spotify, Google Podcasts e também por RSS.

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