EUA: o culminar da xenofobia e da hipersexualização das mulheres asiáticas

EUA: o culminar da xenofobia e da hipersexualização das mulheres asiáticas

Na passada quarta-feira, os tiroteios em três estabelecimentos de massagens fizeram oito mortos, seis dos quais eram mulheres asiáticas. Este não é um caso isolado e é um entre os muitos ataques a asiáticos americanos que têm decorrido por todos os Estados Unidos da América nos últimos tempos. 

Life changes fast. Life changes in the instant. You sit down to dinner and life as you know it ends”, Joan Didion em The Year of the Magical Thinking

Quando se arranjaram para ir para mais um dia de trabalho, tudo fazia prever que seria um dia como os outros. Para as mulheres asiáticas assassinadas no Spa em que trabalhavam, em Georgia, nos EUA, e para as suas famílias, a vida como a conheciam terminou num instante. Depois dos tiroteios de quarta-feira em três estabelecimentos de massagens cujos proprietários são asiáticos, sabe-se que oito pessoas estão mortas, seis das quais eram mulheres asiáticas. Sabe-se também que este não é um caso isolado e que é um entre os muitos ataques a asiáticos americanos que têm decorrido por todos os Estados Unidos da América nos últimos tempos. 

De acordo com o New York Times, foi por volta das cinco da tarde (hora americana) que o primeiro tiroteio no Young’s Asian Massage foi reportado. Pelas 17h45, a polícia de Atlanta recebeu um alerta de roubo no Gold Spa, para onde se dirigiu e onde acabou por encontrar três mulheres alvejadas. Pouco depois, um outro alerta a partir do Aromatherapy Spa, apenas do lado oposto da rua, foi dado. Não demorou muito para que se conseguisse identificar o autor do massacre, cujo rosto tem circulado pelas notícias: Robert Aaron Long, um homem branco de 21 anos natural de Woodstock. 

Depois de ter sido detido, Long disse que tinha uma “adição sexual” e que os ataques aos spas não tiveram uma motivação racista, mas representavam “algo que queria eliminar” — como acabou por contar o Capitão Baker em comunicado. “Aparentemente ele tem um problema, que considera uma adição sexual, e vê estes lugares como algo que queria eliminar.” O mesmo Capitão Baker tem, aliás, estado no centro de uma controvérsia bastante representativa da forma como os EUA olham e tratam este tipo de crimes. Numa conferência de imprensa de rescaldo do ataque, Baker afirmou que Long “vivia sob muita pressão” e que “teve um dia mau”. Na sequência dessa declaração, acabou por ser revelada uma publicação do perfil de Facebook de Baker onde promove e vende t-shirts que descrevem a Covid-19 como um “vírus importado” da China. Essa vitimização do atacante levou várias personalidades a insurgirem-se contra o agente e o posicionamento das autoridades, e o Xerife superior de Baker a pedir desculpa pelas suas declarações.

Apesar de Long não relacionar a sua motivação para o crime com questões raciais, é relevante assinalar que o acontecimento surge numa altura em que os crimes de ódio para com asiáticos americanos têm escalado. Segundo um estudo divulgado pela NBC News, já aconteceram quase 4.000 episódios de violência dirigidos a asiáticos nos Estados Unidos da América ao longo do último ano (entre 19 de março de 2020 e 20 de fevereiro de 2021), sendo as mulheres asiáticas um alvo duplamente mais recorrente. 

Este estudo, conduzido por Russell Jeung, Aggie Yellow Horse, Tara Popovic e Richard Lim, organizado e originalmente publicado pela plataforma Stop AAPI Hate, enumera, de forma detalhada e numa análise interseccional, quem têm sido as vítimas dos ataques xenófobos a decorrer desde que a pandemia estalou, e de que forma se manifestam. Agressão verbal (68,1%) e evitamento (shunning) (20,5%) são os principais meios relatados, a que se juntam também agressões físicas (11,1%) ou violação de direitos civis, como por exemplo “descriminação no local de trabalho, recusa de prestação de serviços, ser barrado de meios de transporte” (8,5%), a que se junta ainda assédio online (6.8%). 

Keisha Lance Bottoms, Presidente da Câmara de Atlanta, disse ontem na conferência de imprensa dada após os acontecimentos que, independentemente das motivações de Robert Aaron Long, quer garantir a proteção dos asiáticos. Na mesma linha, Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos da América, utilizou a sua conta no Twitter para marcar a sua posição perante o episódio em Atlanta: “os ataques recentes contra a comunidade [asiática-americana] são não-americanos [“un-american”]”. 

Delaina Ashley Yaun (33 anos), Xiaojie Tan (49 anos) e Daoyou Feng (44 anos) são os nomes das vítimas asiáticas, divulgados até agora, que importa recordar, e a que se junta Paul Andre Michels (54 anos). Como lembra o Intelligencer num artigo que dedica às vítimas, que se mantém em aberto para atualizações, as vítimas deixam famílias que exigem justiça. 

Como lembrou ontem no The Guardian a jornalista Marie Solis, o episódio desta segunda-feira traz outra camada para reflexão, impossível de ignorar. Ainda que não se saiba se as massagens tinham alguma ligação a trabalho sexual, as motivações alegadas por Long trazem para o caso um alerta para as fragilidades e a insegurança vividas por trabalhadoras sexuais, aliando-as ao preconceito e à hipersexualização da mulher asiática. “Mesmo que elas estivessem a fazer um serviço de massagens não-sexuais, isto acaba por ser um problema de trabalho sexual. As mulheres estão a ser vistas como trabalhadoras sexuais e a tornar-se bodes expiatórios como tal”, diz Esther K, co-diretora do Red Canary Song, uma organização que tem o trabalho de massagistas chinesas na base.

Esther K vai mais longe: “Remover a componente anti-trabalho do sexo remove o ponto crucial desse tipo específico de racismo: a fetichização dos corpos das mulheres asiáticas, a objetificação dos seus corpos e a suposição de que as mulheres asiáticas vão obviamente fornecer serviços sexuais em casas de massagem”. “A fusão de casas de massagem e profissionais do sexo sem qualquer nuance é muito específica do racismo anti-asiático contra as mulheres asiáticas.”

Tal como em qualquer história de opressão, é importante olhar para o contexto com uma perspetiva interseccional. E o que aconteceu nestas casas de massagens levanta também questões que vêm há muito a ser debatidas, que se prendem com a proteção de trabalhadores e trabalhadoras cujas condições laborais são, grande parte das vezes, frágeis e isentas de proteção. 

“Volta para o teu país”: um ano com medo de sair à rua

“Dirigiram-me gritos e assediaram-me para sair de uma loja, tanto a pessoa que estava na caixa como trabalhadores e clientes. Disseram ‘vocês chineses trazem o vírus para aqui e atrevem-se a pedir às pessoas para respeitar as diretrizes de distanciamento social”, lê-se num dos testemunhos recolhidos pela Stop AAPI Hate, a partir da Califórnia. “Estava um grafiti em frente a um supermercado que dizia ‘CHINA OFF MY FACE’. Estava escrito em letras bem grandes para que os peões que passassem por lá pudessem ler”, a partir de Nova Iorque. “Enquanto estava a fazer compras, uma mulher branca e alguém que assumo ser o seu marido dirigiram-se à secção em que eu estava. Lançaram-me olhares de nojo e olharam-me de alto a baixo como se tivessem nojo de mim (…) Para adicionar a esta história, sou membro da comunidade LGBTQ+ e estava a usar uma máscara que mostra amor e apoio para com a comunidade (…) A mulher olhou para mim de alto a baixo e disse exatamente estas palavras ‘oh, então és umx deles?’ (…) Educadamente respondi ‘desculpe?’ Ela continuou a dizer insultos que eram dirigidos tanto a asiáticos como à comunidade LGBTQ+”, a partir do Kentucky

Os testemunhos de micro e macro agressões multiplicam-se por todo o país. Com a propagação do Sars-Cov-2 – commumente chamado de “vírus da China” ou “vírus chinês” – e um aumento exponencial de casos e mortes nos EUA, começaram a surgir ataques violentos dirigidos, inicialmente, à população sénior de asiáticos americanos. O enquadramento que o antigo Presidente, Donald Trump, foi dando ao vírus foi, certamente, um dos principais motivos desencadeadores. Como já em abril do ano passado o The Conversation analisava, dizer recorrentemente que o vírus era “estrangeiro” não foi apenas uma jogada de retórica. De acordo com o site Factbase, convocado na análise do The Conversation, “o Presidente usou a expressão ‘vírus Chinês’ mais de 20 vezes entre os dias 16 e 30 de março”. “A escolha deliberada das palavras tornou-se clara quando um fotógrafo registou o rascunho do discurso no qual Trump tinha riscado a palavra ‘Corona’ e substituído por ‘Chinês’.”

“Acho que a liderança política de Trump tornou as pessoas que são entendidas como chinesas num alvo. É sinofobia”, disse Chris Kwok, membro da Asian American Bar Association de Nova Iorque ao VOA News. 

in Infopedia

Em junho de 2020, a revista TIME reuniu 10 asiáticos americanos que não queriam “ficar em silêncio”, e já a criação do movimento Sop AAIP Hate tinha sido uma tomada de posição e exigência de visibilidade. Em janeiro deste ano, Vicha Ratanapakdee, um homem asiático-americano de 84 anos, de origem tailandesa, morreu na sequência de um ataque xenófobo quando fazia a sua caminhada diária habitual, em São Francisco. Também uma mulher vietnamita de 64 anos foi assaltada e roubada em San Jose, na California, e Noel Quintana, um homem filipino de 61 anos, foi atacado e sofreu um corte profundo no rosto, no metro de Nova Iorque, ambos no início de fevereiro. 

Mesmo com a criação do Stop AAIP, uma iniciativa que surgiu já a 19 de março de 2020 pelas mãos do Asian Pacific Planning and Policy Council (A3PCON), o Chinese for Affirmative Action (CAA) e o Departamento de Estudos asiáticos Americanos da San Francisco State University, e com diversas manifestações a acontecer na rua, a cobertura mediática ia sendo esporádica. Amanda Nguyen, ativista pelos direitos civis que chegou a ser nomeada para Prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho de apoio a vítimas de agressão sexual, tem sido vocal quanto aos acontecimentos que têm crescido no último ano e chegou mesmo a questionar o que era preciso para que houvesse mais cobertura mediática: “Quantas mais pessoas terão de ser mortas para os órgãos de comunicação, sobretudo os mainstream, acharem que somos merecedores de uma história?”.

Há um ano que ser asiático na América é motivo suficiente para ter medo de sair à rua, mas é importante pensar que ainda que a pandemia de Covid-19 possa ter desencadeado o crescimento de Sinofobia e de ataques motivados por ódio racial, o problema não é de agora. São décadas de opressão, a perpetuar a ideia de que “os asiáticos americanos são eternos estrangeiros”. 

O mito do “modelo de minoria” e a fonte do que se está a passar hoje 

Enquanto por toda a América milhares de americanos de ascendência asiática são alvo de ataques de ódio, Nomadland, um filme realizado por Chloe Zao, cineasta chinesa, está nomeado para seis Óscares. Sendo a diversidade um ponto comentado todos os anos por altura dos prémios da 7ª arte, e sendo Chloe Zhao a primeira mulher chinesa nomeada para os Óscares, todo o contexto se torna mais curioso. Na verdade, os Óscares não são o barómetro da diversidade no cinema; são apenas uma amostra das brutais desigualdades que existem na indústria cinematográfica, reflexo também de desigualdades que persistem na sociedade. 

Ao mesmo tempo, na China, Zhao tem sido vista como uma inspiração por alguns, mas com desagrado por outros, após ter dito publicamente, em 2013, à Filmmaker Magazine, que a China era “um lugar onde há mentiras por todo o lado” e que esse contexto serviu de inspiração aos seus filmes. Segundo a Variety, a entrevista foi apagada pela revista dias antes do dia de estreia de Nomadland ser anunciado na China, mas gerou-se uma onda de censura a todos os conteúdos relacionados com o filme até a data de estreia ter, inclusivamente, desaparecido. 

Se a nomeação de Chloe Zhao, sendo a primeira mulher chinesa nesta condição, pode dizer-nos algo sobre a subrepresentatividade de pessoas racializadas no cinema de Hollywood, os títulos e destaques feitos por órgãos de comunicação americanos mostram como ainda se perpetuam estereótipos e expressões que remetem para contextos de opressão. Num artigo publicado no Today, ”What is the ‘bamboo ceiling’? Here’s what Asian Americans want you to know”, a jornalista Samantha Kubota desmonta uma expressão que começou a ser amplamente expandida na sequência das nomeações nos Óscares: “telhado de bamboo”.

“Oscars: Diverse Field Sees Asian Actors Shatter Bamboo Ceiling” foi o título de uma notícia no The Hollywood Reporter que rapidamente começou a ser comentada por artistas e jornalistas de origem asiática como Esther Park e E. Alex Jung. No artigo, Kubota explica que a expressão “telhado de bamboo” é usada historicamente para se referir a “limitações e descriminação laborais que asiáticos Americanos enfrentam” — algo semelhante com “telhado de vidro” que, mesmo que seja do desconhecimento de muitas pessoas que a usam, “se refere a limitações e descriminação laboral que as mulheres enfrentam”.

Tanto a expressão utilizada no título da notícia como os ataques do último ano são um reflexo da História dos asiáticos Americanos nos EUA. Como Samantha Kubota recorda no artigo para o Today, “os imigrantes asiáticos e os asiáticos americanos têm sofrido descriminação e violência durante muito tempo nos Estados Unidos”:desde um riot que matou 10% da população Chinesa de Los Angeles em 1871, ao Chinese Exclusion act em 1885, até aos históricos campos de internamento japoneses durante a Segunda Grande Guerra”. 

No artigo “Coronavirus: Fear of Asians rooted in long American history of prejudicial policies”, publicado em fevereiro do ano passado no site Berkeley News, uma viagem pela história permite ver que o que se está a passar agora se relaciona diretamente com “décadas de políticas de saúde pública e imigração discriminatórias e enviesadas que tinham, e continuam a ter, como alvo os imigrantes da Ásia” — quem o diz são dois investigadores de História da Raça na América da UC Berkeley. 

“A História está a surgir novamente, e com a China a tornar-se um país mais forte e mais competitivo e uma ameaça para a dominação dos Estados Unidos hoje, tal como o Japão foi uma ameaça na Segunda Guerra Mundial”, diz Winston Tseng, um dos dois investigadores e professor na School of Public Health em Asian American and Asian Diasporas Studies. Tseng recorda ainda que entre 1910 e 1940 cerca de 225.000 imigrantes chineses e japoneses foram detidos em condições opressivas durante pelo menos seis meses, numa estação de imigração em Angel Island. 

John A. Powell, professor em Berkeley e diretor do Othering and Belonging Institute de Berkeley, diz no mesmo artigo que “é assumido que o Ocidente, em particular Cristão Anglo-Americanos, devem dominar o mundo” e que, de alguma forma, “os asiáticos não são vistos como Americanos de verdade nem como pessoas de confiança”. 

Já este ano, mas na mesma linha, Bianca Mabute-Louie, educadora pela justiça racial, disse à TIME que “existe um estereótipo e uma pressuposição de que os asiáticos Americanos têm privilégio de classe, que têm um status socioeconómico e educacional maior, e que qualquer tipo de descriminação [contra eles] nunca acontece realmente ou parece legítima”. Mabute Louie aponta o mito do modelo de minoria – a que a TIME já tinha dedicado uma peça – como um dos principais problemas causadores de xenofobia para com asiáticos, uma vez que esta se baseia na ideia de que “os asiáticos Americanos são mais bem sucedidos do que outras minorias étnicas por causa do seu trabalho árduo, educação e a sua natureza cumpridora da lei, que lhes é inerente”. 

No mesmo artigo da TIME, a jornalista Cady Lang recorda como também esse estereótipo foi perpetuado em filmes como Crazy Rich Asians (2018), de Jon M. Chu e, mais recentemente, em Bling Empire, uma produção da Netflix estreada este ano. E não só o mito do “modelo de minoria” é um estereótipo frequentemente visto no cinema de Hollywood; o mesmo acontece com a hipersexualização da mulher asiática, como lembrou a página Diet Prada numa breve reunião de filmes popularmente conhecidos, onde as mulheres asiáticas ocupavam papéis de pouca relevância, sempre associados a questões sexuais. 

Em “Running Head: The Marginalization and Stereotyping of Asians in American Film”, estudo de Isabel Paner para a Universidade Dominicana da California, feito em 2018, estes e outros estereótipos são analisados com cuidado — e os seus efeitos na comunidade Asiática Americana também. Paner conclui que “estereótipos que nasceram do medo ou do desejo de separar asiáticos americanos de pessoas brancas ou outras pessoas de cor têm sido enfatizadas pela forma como estes são representados nos media, o que traz consequências para asiáticos americanos” — que não se revêem nessas representações. 

Tanto os filmes de Hollywood e a sua representação estereotipada, como o mito do “modelo de minoria”, o facto da Covid-19 ter surgido em Wuhan, e toda a História de imigração dos asiáticos Americanos, não são causas únicas da violência que tem acontecido nos últimos anos, mas juntas criam o contexto. As causas não são de agora, mas é agora que a comunidade Asiática Americana diz, com toda a certeza: o silêncio não é mais uma opção, e a violência tem de acabar.

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  • Carolina Franco

    Carolina Franco tem escrito sobre cultura, juventude e direitos humanos. Cada vez acredita mais que está tudo ligado. É jornalista colaboradora no projeto de literacia mediática PÚBLICO na Escola, e co-editora do Shifter. Estudou Ciências da Comunicação no Porto, de onde é natural, tem pós-graduação em Curadoria de Arte e está a completar mestrado em Antropologia - Culturas Visuais com uma tese sobre a importância da representatividade trans* no audiovisual.

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